Refugiados vítimas de tráfico de órgãos no Egito [+18]
Refugiados estão a ser vítimas de tráfico de órgãos no Egito. Dezenas de pessoas deram a cara para denunciar a situação.
Refugiados estão a ser vítimas de tráfico de órgãos no Egito. O país figura nos lugares de topo na lista de tráfico de órgãos. A chegada de dezenas de refugiados da Eritreia potencia o crime.
Miron Mahari abandonou a Eritreia para fugir do regime ditatorial de Isaías Afewerki e para escapar do serviço militar obrigatório. Com ele, várias pessoas cruzaram a fronteira do Sudão para chegarem ao campo de refugiados de Shagarabm.
LEIA MAIS: Papa apela ao esforço de todos para combater a «praga aberrante» do tráfico de pessoas
Segundo contou em declarações a uma organização de Direitos Humanos, a poucos quilómetros do destino foram barrados pelas autoridades sudanesas. «Mataram um amigo meu. Encheram-lhe a boca de areia até deixar de respirar.»
O grupo ficou retido sob custódia vários dias, até que foi vendido à tribo Rashaida. Miron Mahari e outros 27 refugiados foram colocados num camião, escondidos, para atravessarem a fronteira e chegarem ao deserto Sinai, no Egito.
Ficaram presos durante várias semanas. Foram agredidos e torturados enquanto esperavam o pagamento de um resgaste, que nunca chegou. «Quando perceberam que ninguém ia pagar, abandonaram-nos no deserto.»
«Quando já não se aguenta mais, chega a proposta. ‘Liberdade a troco de um rim’», testemunha uma das vítimas de tráfico de órgãos
«Fomos apanhados e colocados numa prisão.» Os maus-tratos continuaram até à exaustão. «Quando já não se aguenta mais, chega a proposta. ‘Liberdade a troco de um rim’», revela Miron Mahari.
Miron tinha apenas 14 anos quando percebeu ser essa a sua única saída. Acabou por aceitar ficar sem um rim para poder sair da cadeia. A mesma decisão foi tomada por dezenas de outros refugiados.
Um antigo membro da organização ilegal de tráfico de órgãos aceitou explicar todo o processo às autoridades policiais. Segundo relatou, há ainda outros casos de pessoas aliciadas apenas a troco de dinheiro, que aceitam a venda para comprar objetos como «computadores e telemóveis».
LEIA MAIS: Concorrente de concurso da TVI trocou de sexo e mostra partes íntimas
Quem recebe o transplante paga entre 30 e 80 mil euros. Quem entrega o órgão recebe apenas 1500. Uma das jovens que ‘doou’ um rim avançou existir uma pressão enorme. «Estiveram a tentar convencer-me durante três meses, até que aceitei.»
«Era mãe solteira de três filhos e prometeram-me 40 mil euros. No fim, só recebi 2500 e fiquei sem um rim. Eles aproveitam-se da nossa pobreza e aparecem quando achamos que já não temos solução», contou.
Depois de concluído o processo, as vítimas não têm qualquer acompanhamento pós-operatório. Muitas acabam por morrer ou ficam com sequelas permanentes.
Siga a Impala no Instagram