Supernanny: UNICEF diz que programa «vai contra o interesse superior das crianças»
UNICEF considera programa da SIC Supernanny prejudicial e «uma interferência ilícita à privacidade» das crianças expostas.
Ainda só foi emitido um episódio, mas o formato da SIC já está envolto em polémica. Depois de a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social e da Ordem dos Psicólogos terem manifestado posições desfavoráveis sobre «Supernanny», é a vez da UNICEF manifestar preocupação sobre o programa cujo rosto é a psicóloga infantil Teresa Paula Marques.
Em comunicado, Beatriz Imperatori, Directora Executiva da UNICEF Portugal, considera que o programa televisivo, que a SIC exibe aos domingos à noite, «vai contra o interesse superior das crianças».
Eis o comunicado:
«A UNICEF Portugal considera que o conteúdo do programa televisivo “Supernanny”, transmitido ontem, dia 14 de Janeiro, pela SIC, vai contra o interesse superior das crianças, violando alguns dos seus direitos, nomeadamente o direito da criança a ser protegida contra intromissão na sua vida privada», pode ler-se.
Reality shows podem interferir na privacidade das crianças
A delegação portuguesa do organismo das Nações Unidas faz ainda vários apelos:
«Ao Estado para que tome as medidas necessárias para proteger a criança e o seu bem-estar (artigo 17 da CDC); tendo a ERC um papel fundamental na análise do conteúdo do referido programa.
– Aos meios de comunicação social – reconhecendo o papel importante que desempenham na difusão de informação de interesse social e cultural para a criança – para que assegurem sempre o superior interesse da criança, nomeadamente o seu bem-estar físico e mental em todos os canais e programas.»
O comunicado da UNICEF Portugal salienta ainda que «a exposição pública, nomeadamente dos comportamentos violentos retratados, poderá colocar em causa o bem-estar da criança e o seu desenvolvimento actual e futuro.». Este organismo recorda ainda que, «em 2008, o Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas, num relatório de recomendações ao Reino Unido, referia que a participação da criança em reality shows televisivos pode constituir uma interferência ilícita à privacidade da criança. Para além disso, este órgão das Nações Unidas para os direitos das crianças, reitera que o Estado deve tomar as medidas necessárias para proteger a criança, nomeadamente de representações negativas por parte dos media e de actos públicos de “apontar o dedo”».
Supernanny estreou-se este domingo, 14 de janeiro, e foi o terceiro programa mais visto do dia, com uma audiência média de 1,8 milhões de telespectadores.
Pais de Margarida ouvidos esta segunda-feira
Margarida Mateus, de sete anos, foi a primeira criança retratada no programa «Supernanny». Em declarações ao Observador, osário Farmhouse, presidente da CNPDPCJ, assegurou que os pais da menina vão ser ouvidos ainda esta segunda-feira pela Comissão de Proteção de Jovens e Crianças de Loures.
A responsável adianta ainda que, ainda o programa não tinha estreado e apenas passavam na antena da SIC as promoções do formato, já a Comissão tinha sido contactada por familiares da criança, que estava a sofrer repercursões na escola devido às imagens já exibidas.
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