A questão que está a transformar o programa da SIC num «bicho de sete cabeças» para o país é a exposição pública de menores. É por essa mesma razão que todas as famílias que participam no polémico programa serão chamadas às comissões de proteção de crianças correspondentes à sua área.

Quem o diz é a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Rosário Farmhouse. 

De acordo com a presidente, que sempre se manifestou contra o programa, o objetivo desta decisão é avaliar situação a situação e alertar as famílias para a exposição pública a que estão a sujeitar os filhos menores.

Após a receção da convocatória, os pais serão obrigados a comparecer numa reunião com a comissão. Após a reunião em que cada caso será avaliado, a comissão pode tomar iniciativa para uma avaliação ou aplicação de uma medida de proteção mediante a autorização dos pais.

Caso os pais recusem as iniciativas que a comissão queira tomar, Rosário Farmhouse alerta que  o caso será imediatamente remetido para o Ministério Público.

O Instituto de Apoio à Criança (IAC) e a Unicef Portugal também se manifestaram contra o programa e a Ordem dos Psicólogos Portugueses informou que já tinha dado um parecer negativo sobre o programa em março de 2016.

Após a emissão do segundo episódio do programa, a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados divulgou um comunicado a considerar «inadmissível» a exposição mediática a que o ‘Supernanny’ sujeita as crianças visadas, entendendo que representa «uma violação do seu direito à reserva da intimidade da vida privada».

«Considera-se inadmissível na medida em que a transmissão televisiva da privacidade familiar para demonstração vivida dos comportamentos desadequados dos menores, ainda que consentida por quem exerce legitimamente as responsabilidades parentais, representa uma violação desproporcionada dos direitos de personalidade dos menores, em especial, do seu direito à reserva da intimidade da vida privada», refere em comunicado.

Mãe de crianças do 2º episódio de Supernanny: «Já falei com quem tinha de falar»

Carla Rodrigues Frade é a mãe de Lara, de 13 anos, e Francisco, de 5 anos, as crianças do segundo episódio do polémico programa da SIC, Supernanny. Dois dias após a emissão do programa e do debate sobre o tema nesta segunda-feira à noite na estação de Carnaxide, tentámos falar com a matriarca da família Frade, a fim de perceber a incongruência das declarações dadas segunda-feira, dia 22, à SIC.

Após a emissão do primeiro episódio com a família Mateus, foi noticiado que Carla e Ricardo estariam a tentar impedir a emissão do episódio em que a família Frade é escrutinada. O casal teria contactado a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens pedindo ajuda nesse sentido.

Nesta segunda-feira à noite, Carla Frade surge em entrevista sem arrependimentos e afirma que a estabilidade familiar que o programa lhe trouxe é mais valiosa do que a exposição dos filhos na televisão nacional, contrariando as notícias.

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