Ryanair ameaça despedir funcionária espanhola por apoiar colegas portugueses em greve
A Ryanair está a recorrer a tripulação estrangeira para cobrir a greve dos tripulantes portugueses. Gravação telefónica prova ameaças de despedimento.
A Ryanair está a recorrer a tripulação estrangeira para cobrir a greve dos tripulantes portugueses. Uma gravação de três telefonemas consecutivos prova as ameaças de despedimento a uma tripulante espanhola que se recusa a ‘furar’ a greve dos colegas portugueses.
«Vamos registar a sua recusa em ir trabalhar e depois lidamos com a situação», ameaça a Ryanair
A adesão ronda os 90% no segundo dia não consecutivo de greve dos tripulantes portugueses de cabine da Ryanair. A empresa de aviação irlandesa está a tentar não cancelar voos e, para isso, recorre a tripulação de outros países.
A Impala teve acesso a três destas gravações de chamadas telefónicas entre a sede da Ryanair, em Dublin, e uma comissária de bordo espanhola. Perante o apoio da trabalhadora à greve dos colegas portugueses, a resposta foi esclarecedora e ameaçadora: «Se o fizer estará a romper o seu contrato».
A funcionária espanhola mantém a palavra inicial e relembra que os voos pedidos rompem, além da greve, a folga a que ela própria tem direito. Porém, quem fala da sede da Ryanair tenta condicionar a decisão da funcionária, acenando com «consequências legais muito graves».
Ouça a gravação das três chamadas para a mesma comissária de bordo e leia a seguir o essencial das ameaças da sede da Ryanair à funcionária espanhola
Transcrição de parte das chamadas telefónicas
Comissária de bordo espanhola da Ryanair – Se noutro aeroporto precisarem de mim para qualquer outro voo, não quero voltar para o Porto, sabendo que hoje há greve.
Sede da Ryanair – Certo, só um instante. Deixe-me ver… Não pode recusar fazer este voo. Se o fizer estará a romper o seu contrato, então terá de ir para o Porto.
Comissária – Lamento imenso, mas não me sinto à vontade com esta situação.
Ryanair – Se decidir recusar, a decisão é sua, teremos de lidar com isso. Depois terá consequências legais muito graves, se recusar, se não tiver nenhum impedimento legal para este voo.
Comissária – Além disso, disse que ia para o Porto. E agora vejo uma notificação de que vou no voo para o Porto, depois Porto-Dublin e depois Dublin-Porto e depois durante a noite na minha folga. E não é justo. Estou de folga. Tenho coisas para fazer, tenho uma vida.
Ryanair – Então, está a recusar trabalhar. Preciso que hoje vá para Portugal.
Comissária – Sim, estou a recusar, porque…
- Ryanair – Muito bem. Vamos registar a sua recusa em ir trabalhar e depois lidamos com a situação.
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