Reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos caíram 22% após máximos históricos

As reservas obrigatórias que os bancos moçambicanos têm de fazer no banco central recuaram 22% em janeiro, para 227.127 milhões de meticais (3.268 milhões de euros), face aos anteriores máximos históricos, segundo dados oficiais consultados pela Lusa.

Reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos caíram 22% após máximos históricos

De acordo com dados de relatórios estatísticos do Banco de Moçambique – que entretanto aliviou em janeiro as medidas restritivas em torno destas reservas -, o volume destes depósitos obrigatórios tinha atingido anteriormente máximos históricos.

Em dezembro, essas reservas cifravam-se em 291.457 milhões de meticais (4.194 milhões de euros), segundo a atualização do banco central.

As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023. Contudo, nos primeiros seis meses de 2023, o banco central aumentou por duas vezes o coeficiente, para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.

O último desses aumentos aconteceu em junho de 2023, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.

Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (894 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central chegou a aumentar quase 400%.

Face à falta de divisas no mercado interno, os empresários moçambicanos insistiram nos últimos meses na necessidade de o banco central aliviar os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda estrangeira.

Essa decisão só surgiu em 27 de janeiro deste ano, quando o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu cortar nos coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional, para 29%, e em moeda estrangeira, para 29,5%.

“Visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”, referiu o comunicado da reunião do CPMO.

Entretanto, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em 26 de março que a liquidez no sistema financeiro, nomeadamente em divisas, é suficiente, após a redução decidida em janeiro dos coeficientes, que não prevê repetir para já.

“Neste momento nós estamos tranquilos com o nível de liquidez que existe no sistema, não há necessidade de tocar na liquidez estrutural, mexendo com as reservas obrigatórias. Vamos manter. Não é uma coisa que se brinca, com os coeficientes”, disse o governador, questionado pelos jornalistas no final da última reunião do CPMO.

Nesta reunião de março, o CPMO voltou a cortar na taxa de juro, agora para 11,75%, mas manteve os coeficientes obrigatórios inalterados, com Rogério Zandamela a justificar que a medida adotada na reunião anterior “libertou muita liquidez”.

“Só para dar uma ideia da ordem, isso tudo junto, só em meticais, estamos a falar de pelo menos 55 mil milhões de meticais [798,2 milhões de euros], e quase 250 milhões [de dólares, 231,8 milhões de euros] em termos de moeda estrangeira, que foi libertada para o funcionamento normal da economia”, apontou.

 

PVJ // CAD

By Impala News / Lusa

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