Tribunal Supremo angolano rejeita ação popular para afastar juiz Joel Leonardo

O Tribunal Supremo angolano indeferiu uma ação popular que visava a condenação do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) por, alegadamente, falhar na obrigação de instaurar um processo disciplinar contra o presidente destas instâncias, Joel Leonardo.

Tribunal Supremo angolano rejeita ação popular para afastar juiz Joel Leonardo

Na ação popular, proposta por um grupo de advogados liderado pelo atual Bastonário da Ordem dos Advogados, José Luís Domingos, indicava-se que Joel Leonardo, nas funções de presidente do Tribunal Supremo, “terá alegadamente desviado receitas do tesouro nacional” e questionava a “inação” do CSMJ perante as “graves denúncias públicas” contra o juiz, que preside também ao CSMJ.

A ação popular tinha como objetivo “requerer uma providência antecipatória que consiste em o tribunal intimar o CSMJ a suspender e abrir um processo disciplinar contra o juiz conselheiro presidente do Tribunal Supremo e do CSMJ”, seguida de uma ação principal para prática de ato devido.

No entanto, no despacho de indeferimento, datado de 22 de maio e assinado pela juíza relatora, Paciência Simão, a magistrada rejeita o pedido por se considerar que os requerentes, ou seja, o grupo de advogados, “não são titulares do direito de ação para prática de ato devido”.

Justifica-se ainda que, para ser admitida esta ação, teria de haver uma prévia interpelação do órgão da administração e que daí resultasse uma não decisão, recusa da prática de ato ou recusa da participação, o que não se verificou.

“Da leitura feita ao requerimento inicial e dos documentos que o acompanham, constata-se que os requerentes não lograram juntar qualquer expediente que tenha suscitado junto do CSMJ para a prática do ato devido”, ou seja, a suspensão de Joel Leonardo e consequente instauração de um processo disciplinar.

Pelo que os requerentes não poderiam pedir a condenação do CSMJ por falhar na suspensão do juiz, pois não formularam previamente o pedido junto deste órgão, segundo o despacho.

A petição é indeferida por ser “manifestante improvável a procedência do pedido”, sendo que para o efeito deve ser ouvido o Ministério Público e feitas preliminarmente as averiguações que o juiz tenha por justificadas, conclui-se.

O coletivo de advogados remeteu, em setembro do ano passado, a ação popular administrativa à Câmara do Cível, Administrativo, Fiscal e Aduaneiro do TS angolano.

De acordo com os queixosos, os factos arrolados para esta ação estão no domínio público, através de publicações em órgãos de comunicação digitais e “não se encontram já protegidos pelo segredo de justiça, após terem sido amplamente divulgados e sem nenhuma reação das autoridades competentes”.

“Perante as graves denúncias contra o venerado juiz presidente do TS, Joel Leonardo, o que nos move, nesta ação, não é a veracidade ou a falsidade das acusações contra o mesmo, mas a inação do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), o qual tem o dever constitucional de agir em situações deste género e não só”, dizem.

Joel Leonardo, presidente do TS e por inerência de funções do CSMJ, está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República por suspeitas de corrupção, nepotismo, má gestão do órgão e outros, acusações que se arrastam há meses.

 

RCR // JMC

By Impala News / Lusa

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