Testemunho impressionante no julgamento da morte do agente da PSP: “Acorda, Guerra, acorda!”
Prossegue o julgamento dos ex-fuzileiros acusados da morte do agente da PSP Fábio Guerra. Terceiro dia fica marcado pelo testemunho de testemunhas de uma agente da PSP, uma inspetora da PJ e testemunhas de ambas as partes.
O terceiro dia do julgamento da morte de Fábio Guerra fica marcado pelos testemunhos de uma agente da PSP que estava com a vítima na discoteca MOME, em Lisboa. Foram ouvidas várias testemunhas que estavam nas imediações do local e o segurança do espaço. Nas próximas horas serão ainda ouvidas testemunhas da defesa, o Diretor Nacional da PSP, o Diretor Nacional da PJ e jornalistas. A mãe de Fábio Guerra chora copiosamente sempre que ouve o nome do filho.
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Inspetora da PJ deixa defesa desagradada
A agente Débora destaca que conhecia Fábio Guerra há poucos meses e que “era calmo, sociável e amigo. Não trabalhava diretamente com ele mas era bom polícia. Quando vi os meus colegas irem para a confusão disse ao meu colega ‘vamos que é com os nossos'”, disse, em declarações reproduzidas pelo Correio da Manhã. “Estive com os meus colegas na pista de cima do MOME. Nunca vi os arguidos na discoteca. A discoteca encerrou, saímos, eu fiquei à espera de um colega que foi à casa de banho. Vi os colegas a irem a correr para travar uma briga. E fui também'”, começou por recordar.
É a vez da inspetora da PJ ser ouvida, para desagrado da defesa de Cláudio Coimbra que alega ter tido intervenção no inquérito. “Recolhemos logo informações importantes, que estavam frescas ainda. Embora tenhamos percebido que eram parciais”, assume. “Recolhemos logo também as imagens de videovigilância importantes para apurar”, destaca. “Percebemos que os ofendidos se tratavam dos agentes da PSP. Estavam no hospital de S. José, um estava em estado bastante grave. Foram ouvidos e depois viram as imagens, para se situarem e nos ajudarem a perceber”, acrescenta.
Juíza ri-se
“Passámos as inquirições dos ofendidos e testemunhas. Não sabíamos quem eram os envolvidos, na situação de agressões. Depois percebemos que eram os arguidos no processo. Soubemos logo que faziam parte da Marinha. Jovens aptos, com condições físicas acima da média”, prossegue. “O hospital tinha noção que era alguém que tinha sido vítima de um crime violento?”, questiona a defesa. Inspetora diz que não sabe. A juíza questiona: “No hospital falou com quem?”. A inspetora diz que falou com a responsável para perceber o estado de saúde de Fábio.
Depois, um momento insólito. São passadas novamente as imagens de videovigilância para perceber a distância entre a porta do MOME e uma árvore. A inspetora aponta que o melhor é ir lá medir e a juíza não contém o riso. “Parece uma distância maior nos vídeos”, diz a inspetora. “Será mais. Uns 7 metros, pelo menos”, acrescenta.
Cláudio Coimbra caiu inanimado
Pedro Costa, testemunha do Ministério Público e de Vadym, garante que conhece os arguidos simplesmente pela situação. Sublinha ser amigo de Cláudio Coimbra. “Tudo começou quando o Cláudio me ligou. Eu estava a descansar no carro. Ligou-me a dizer que tinha sido agredido dentro da discoteca sem motivo aparente”, conta. “O Cláudio disse que levou uma cabeçada e um soco. Tentei acalmá-lo, para que ele não cometesse algum erro”, adianta. Diz que o amigo tinha um arranhão no nariz e na testa. Achou-o exaltado, agitado. “Eu mantive-me sempre perto dele, tentei voltar para o carro”.
“No exato momento que o Coimbra sai da discoteca, o Pereira vai em direção a ele e dá-se o sucedido”, revela. “Vejo o Pereira a dar um soco ao Coimbra. E de repente ele cai no chão, o Pereira”. Diz que Pereira caiu inanimado. “Agarrei o Pereira na cabeça, tentei que ele falasse comigo. A minha única preocupação era o meu amigo”, revela. “Não estou com receio de falar”, afirma. Procurador questiona: “Quando o Pereira cai no chão foi agredido?”. “Só vi nas imagens. Não me lembro”, responde. Cláudio Pereira é agredido com dois pontapés na cabeça, já no chão. Nas imagens, Pedro Costa tem Cláudio entre as pernas.
“Acorda, Guerra! Acorda, Guerra”
Gonçalo, que estava com amigos no MOME nessa noite, começa a testemunhar. Assume não conhecer nem os arguidos nem os assistentes. “No final da noite estávamos separados… estava na entrada da discoteca”. Diz que viu Pereira ser expulso do espaço noturno e foi falar com ele. Estava a sangrar da testa. “Entretanto paro para fumar um cigarro e vejo o Cláudio e o Vadym a sair da discoteca”, revela. Vinham a sorrir e em clima de amizade com os seguranças, acrescenta. Lembra que sorriram em direção a Pereira.
“Vejo o Pereira a correr para o Coimbra e a dar-lhe um soco e levar logo. O que aconteceu foi que o Pereira caiu estendido. O Pedro protegeu-o. Vi muitas pessoas a meterem-se na confusão. Não sei se eram os polícias, estavam mais importado nos meus amigos”. “Depois vi pontapés e muita confusão. Lembro-me de uma rapariga a gritar, mas não sei o que dizia”, descreve ainda acrescentando que foi tudo muito rápido. “Ouvi depois gritos: Acorda, Guerra! Acorda, Guerra!”, relata. Garante que viu os seguranças a festejar após as agressões.
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