Suspeitos de ordenar a morte de Marielle Franco ficam em prisão preventiva
O Supremo Tribunal Federal do Brasil confirmou hoje a prisão preventiva de três suspeitos de ordenar e planear o assassínio da ativista e ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
No domingo, o deputado federal José Chiquinho Brazão, o seu irmão Domingos Brazão, alto funcionário do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa foram detidos pela Polícia Federal brasileira sob a suspeita de que foram eles que ordenaram o homicídio de Marielle Franco.
A prisão preventiva foi determinada hoje pelo juiz Alexandre de Moraes, que é o relator da investigação do homicídio de Marielle Franco no STF.
Depois da detenção dos suspeitos, o juiz submeteu a sua decisão a uma votação da Primeira Turma do STF, composta também pelos juízes Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Flávio Dino, que mantiveram as ordens de prisão numa votação que foi unânime.
Os irmãos José Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, assim como o ex-chefe da Polícia ‘carioca’ Rivaldo Barbosa, foram detidos no âmbito da operação Murder Inc., no âmbito das investigações que, além da Polícia Federal, contaram com a participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Ricardo Lewandowski, disse no domingo, em conferência de imprensa, que a motivação do assassínio de Marielle Franco foi “complexa porque esse grupo [família Brazão] tem múltiplos interesses”, mas mencionou disputas políticas e de terras na zona oeste do Rio de Janeiro como uma das motivações apontadas pelas investigações da polícia.
“Neste momento temos muito claro quem são os autores deste crime odioso, hediondo, de natureza política”, afirmou Lewandowski, que acrescentou que outras quatro pessoas investigadas no caso foram alvo de buscas no domingo e tiveram documentos apreendidos.
As prisões dos supostos mandantes da morte de Marielle Franco ocorreram quatro dias depois do STF ter validado um acordo judicial com Ronnie Lessa, executor do crime que está preso desde 2019 juntamente com outro suspeito, o ex-polícia militar Elcio Queiroz, que já tinha assinado um acordo com as autoridades policiais para elucidar o caso a troco de redução de pena.
Ronnie Lessa é um ex-polícia do Rio de Janeiro e membro de gangues de vigilantes conhecidos como “milícias”, que controlam muitos dos negócios ilegais nas favelas do Rio de Janeiro e até fornecem pessoas que, como ele, trabalham como pistoleiros contratados.
O assassínio a tiro de Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, ocorreu em 14 de março de 2018, e gerou uma grande comoção dentro e fora do Brasil.
A ex-vereadora, negra, homossexual e de uma favela, destacou-se pelo seu trabalho como defensora dos direitos humanos, e pelas suas denúncias contra a violência policial no Rio de Janeiro.
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