Sismo no Haiti. Último balanço aponta para quase dois mil mortos e dez mil feridos

Mais de um milhão de pessoas estão sem acesso a comida, abrigo e água potável no Haiti após o forte sismo de sábado. Tempestade tropical tem dificultado as operações de salvamento.

Sismo no Haiti. Último balanço aponta para quase dois mil mortos e dez mil feridos

O mais recente balanço do sismo no Haiti aproxima-se das duas mil vítimas mortais. 1.941 pessoas morreram e perto 10 mil ficaram feridas, durante o abalo do último sábado, 14 de agosto.

O tremor de terra, de magnitude 7.7com epicentro 125 quilómetros a oeste da capital, Port-au-Prince, destruiu cidades e provocou deslizamentos de terras, que dificultaram a prestação de auxílios no país mais pobre do Hemisfério Ocidental. Cerca de 60 mil ficaram sem casa.

A UNICEF estima que mais de um milhão de pessoas – mais de metade crianças – tenham ficado sem acesso a abrigo, água potável, cuidados de saúde e comida.

O Haiti já se confrontava com a pandemia do novo coronavirus, a violência de gangues, a pobreza crescente e a incerteza política subsequente ao assassínio, em 07 de julho, do presidente Jovenel Moïsem quando o abalo enviou os residentes para as ruas.

Dirigentes tiveram de negociar com gangues para deixarem passar colunas humanitárias

E a situação agravou-se ainda mais com a depressão tropical Grace, que chegou ao país na noite de segunda-feira, com fortes ventos, chuvas intensas, deslizamentos de terras e inundações repentinas.

No terreno, há falta de meios para apoiar quem precisa de ajuda, agora que os trabalhos de busca e salvamento retomaram depois da tempestade tropical ter atingido as Caraíbas. “Inúmeras famílias haitianas que perderam tudo devido ao terramoto estão agora a viver literalmente com os pés na água por causa das inundações”, disse Bruno Maes, representante da UNICEF no país.

 O abalo também destruiu ou causou estragos sérios em hospitais, escolas, instalações de empresas e igrejas. A realçar as condições más, os dirigentes tiveram de negociar com gangues no distrito de Martissant para deixarem passar duas colunas humanitárias pela área, informou o Serviço da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários. “Pouco mais de uma década depois, o Haiti está outra vez a cambalear”, disse a diretora executivo da UNICEF, Henrietta Fore, aludindo ao sismo de 2010 que destruiu a capital do país, causando a morte a dezenas de milhares de pessoas.
“E este desastre coincide com a instabilidade política, o aumento da violência dos gangues, alarmantes e elevadas taxas de subnutrição infantil e a pandemia do covid — para a qual o Haiti só recebeu 500 mil vacinas, apesar de precisar de muitas mais”, acentuou. O país de 11 milhões de pessoas recebeu o primeiro carregamento de vacinas, doadas pelos EUA, no mês passado, através de um programa da ONU destinado aos países de baixos rendimentos.
A situação nos hospitais continua descontrolada. “Basicamente, precisam de tudo”, disse Inobert Pierre, um pediatra na Health Equity International, uma entidade sem fins lucrativos que dirige o Hospital St. Boniface Hospital, a duas horas de Les Cayes.
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