Medidas de coação em caso de violação em Loures são proporcionais e as pedidas pelo MP

A comarca titular do processo em que três jovens suspeitos da violação de uma menor em Loures foram colocados em liberdade defendeu hoje que as medidas de coação são “proporcionais e adequadas” e correspondem ao pedido pelo Ministério Público.

Medidas de coação em caso de violação em Loures são proporcionais e as pedidas pelo MP

Numa nota divulgada hoje, “a propósito das notícias e comentários publicados na comunicação social a respeito das medidas de coação aplicadas no âmbito do processo” relativo à violação de uma jovem de 16 anos por três jovens ‘influencers’ que divulgaram depois imagens do crime nas redes sociais, a comarca de Lisboa Norte decidiu prestar esclarecimentos, nos quais sublinha que as medidas de coação não representam um julgamento do caso.

“O primeiro interrogatório judicial de arguido detido não corresponde a um julgamento dos factos, nem tem em vista a antecipação da aplicação de penas, tendo por fim, tão somente, a aplicação de medidas de coação destinadas a acautelar os perigos” definidos no Código do Processo Penal.

Estes correspondem a fuga ou risco de fuga, perigo de perturbação de inquérito ou instrução do processo, perigo para a obtenção e conservação da prova, perigo decorrente da natureza do crime ou personalidade do arguido e risco de continuidade da atividade criminosa e perturbação da ordem e tranquilidade públicas.

“No caso, após interrogatório e de acordo com os elementos de prova disponíveis, os arguidos foram submetidos, por decisão do tribunal de instrução criminal, às medidas de coação não privativas da liberdade que foram promovidas pelo Ministério Público. Estas medidas foram consideradas, face aos elementos disponíveis nos autos, proporcionais e adequadas às finalidades de natureza cautelar que visam assegurar”, lê-se no esclarecimento.

A comarca acrescenta que a investigação prossegue e o processo se encontra em segredo de justiça, não sendo, por isso, prestar mais esclarecimentos públicos nesta fase, e recorda que a decisão do tribunal é passível de recurso.

“Sublinha-se que os/as juízes/juízas decidem de forma independente e imparcial, com base nos elementos constantes dos autos e no cumprimento rigoroso da lei”, acrescenta-se.

Foi hoje divulgado que mais de 70 organizações e perto de 3.000 pessoas subscreveram a carta aberta que exige medidas contra a violação e a divulgação das imagens ‘online’, na sequência do caso de uma menor violada em Loures por três alegados ‘influencers’.

A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, que promoveu o documento, vai levar o tema para a campanha eleitoral que se aproxima, com abordagens aos partidos políticos, não só para que este caso não fique impune, mas para que o enquadramento jurídico português contemple as medidas adequadas à condenação e prevenção destes casos, disse à agência Lusa Maria João Faustino, uma das responsáveis pelo texto.

“A libertação dos três arguidos suscita indignação e alarme. Este caso evidencia um problema sistémico na aplicação de medidas de coação inadequadas para a prevenção de crimes contra mulheres e raparigas, revelando falhas estruturais na proteção das vítimas e uma menorização dos crimes praticados”, declarou a plataforma, em comunicado.

Três jovens foram detidos a 24 de março em Loures, no distrito de Lisboa, por suspeita de crimes de violação agravada e pornografia de menores contra uma adolescente de 16 anos, informou a Polícia Judiciária (PJ) três dias depois.

A investigação teve origem numa participação do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, à Polícia de Segurança Pública (PSP) e o caso ocorreu em fevereiro numa zona próxima da residência da vítima, adiantou a PJ em comunicado.

De acordo com o diretor da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ, João Oliveira, o os três jovens detidos são ‘influencers’ com um “público muito significativo”.

A jovem de 16 anos era uma seguidora dos suspeitos nas redes sociais, com os quais começou por manter um contacto meramente virtual, mas com os quais acabaria por marcar um encontro presencial.

Os três jovens, segundo a PJ, “em contexto grupal constrangeram a vítima a práticas sexuais e filmaram os atos, contra a sua vontade, divulgando-os nas redes sociais”.

Os suspeitos, com idades entre os 17 e os 19 anos, foram presentes a primeiro interrogatório judicial de arguido detido, tendo sido colocados em liberdade, ficando sujeitos às medidas de coação de apresentações periódicas semanais e proibição de contactos coma vítima.

IMA (AH) // CMP

By Impala News / Lusa

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