Maputo promete lutar pela paz que Francisco pediu aos moçambicanos
Centenas de católicos juntaram-se hoje em Maputo para uma missa pelo Papa, com a promessa de lutar pela “paz e a justiça”, mensagem deixada por Francisco em Maputo em 2019 e de que o “país tanto precisa”.

“Vamos continuar a homenageá-lo e uma das grandes homenagens é continuar a trabalhar, todos unidos, para que o nosso país consiga ter uma paz verdadeira. O país precisa tanto desta paz”, disse à Lusa Judite Mussacula, à porta da Catedral de Maputo, durante a missa em homenagem ao Papa Francisco, que morreu na segunda-feira.
Há seis anos, Judite esteva entre os milhares de pessoas que se juntaram para assistir uma missa dirigida por Francisco na mesma catedral, no centro de Maputo, durante uma visita que realizou entre 04 e 06 de setembro de 2019.
“Nós vimos que a grandeza do nosso Papa Francisco foi sempre lutar pela paz”, declarou aquela participante, lembrando o apelo à paz, durante a missa dirigida por Francisco na Catedral de Maputo, numa altura em que o principal desafio do país era a insurgência armada em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Seis anos se passaram, mas os apelos de Francisco para os moçambicanos continuam atuais, sobretudo após o caos que o país viveu nos últimos meses, entende Nélia Correia, procuradora da cidade que foi uma das voluntárias na receção de Francisco em 2019.
“Estava naquele cantinho quando ele passou e abençoou os terços que eu tinha. […] Fiquei muito emocionada e nunca me vou esquecer”, lembra Nélia Correia, trajada com o mesmo colete que usou na receção, há seis anos, de Francisco em Maputo.
Hoje, além do colete, como lembrança, na memória de Nélia Correia, ficaram também as palavras de paz e amor ao próximo de Francisco para os moçambicanos, numa altura que o rastro de destruição durante as manifestações pós-eleitorais nos últimos meses continua vivo em várias esquinas do país.
“Nós estamos a viver momentos de tumultos em Moçambique porque não há, primeiro, entendimento entre os moçambicanos. Nós temos de esquecer as nossas cores partidárias e as nossas diferenças e olharmos primeiro para o facto de sermos filhos de Deus. Temos de olhar para o belo país que nós temos e para a necessidade de reconstruirmos o mesmo. Temos de dar dignidade as pessoas, aos pobres e as crianças, pessoas que o Papa Francisco tanto defendeu”, concluiu Nélia Correia.
Na sua visita a Moçambique, em resultado de uma viagem apostólica que estava a realizar pela África Oriental, o momento mais marcante foi a celebração de uma missa no Estádio Nacional do Zimpeto, o principal do país.
“Moçambique possui um território cheio de recursos naturais e culturais […], mas apesar destas riquezas, uma quantidade enorme de população vive abaixo do nível de pobreza […]. Por vezes, parece que aqueles que se aproximam com suposto desejo de ajudar têm outros interesses. É triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que se deixam corromper “, referiu, na altura, Francisco, durante a homilia numa missa campal acompanhada por milhares fiéis nos arredores de Maputo.
A missa hoje em homenagem ao Papa na Catedral de Maputo contou também com a presença dos antigos chefes de Estado Joaquim Chissano e Filipe Nyusi, bem como as presidentes da Assembleia da República, Margarida Talapa, e do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro.
O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, após 12 anos de pontificado.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano.
O seu corpo está desde quarta-feira em câmara ardente, a ser velado por fiéis, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
O funeral está marcado para as 10:00 locais (9:00 de Lisboa) de sábado.
Vários países decretaram luto nacional pela morte de Francisco, incluindo Portugal e Moçambique.
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By Impala News / Lusa
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