Mais de 21 milhões de mulheres sofreram algum tipo de agressão no Brasil no último ano

Cerca de 21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de agressão nos últimos doze meses, de acordo com o relatório ‘Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil’, divulgado hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Mais de 21 milhões de mulheres sofreram algum tipo de agressão no Brasil no último ano

O número indica que mais de um terço das brasileiras com 16 anos ou mais (37,5%) terão vivenciado pelo menos uma situação de violência no país entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025.

Dados recolhidos numa sondagem realizada pelo Instituto DataFolha e citados no relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram que as brasileiras alvo de algum tipo de violência no período relataram, em média, mais de três tipos diferentes de agressões.

Entre os tipos específicos de situações de violência listadas, a mais recorrente foram condutas como insultos, humilhações ou ofensas (31,4%) e as agressões físicas com chapadas, empurrões ou pontapés (16,9%).

Empatados em terceiro lugar estão as ameaças de agressão e a perseguição/amedrontamento (stalking), ambas situações de violência vivenciadas por 16,1% das mulheres no país sul-americano, seguida das ofensas sexuais e ou tentativas de manter relação sexual contra a sua vontade (10,7% das entrevistadas).

O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública destacou que “5,3 milhões de brasileiras nesta faixa etária [com idade acima dos 16 anos] teriam sofrido alguma forma de violência sexual apenas nos últimos doze meses, número que supera em muito os registos oficiais das Polícias ou da saúde”.

O levantamento sobre a violência contra as mulheres incluiu, pela primeira vez, como tipo de violência a divulgação não autorizada de imagens ou vídeos íntimos.

Esse fenómeno, frequentemente chamado de ‘pornografia de vingança’, expõe as mulheres à humilhação pública, a danos emocionais e até consequências materiais, como perda de emprego ou rutura de laços familiares.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 3,9% das brasileiras relataram ter vivenciado esse tipo de violência nos últimos 12 meses, facto que demonstra que se trata de um problema “que merece atenção das autoridades, não obstante as dificuldades envolvidas na investigação deste tipo de delito”.

Em números absolutos, pelo menos 1,6 milhões de mulheres com 16 anos ou mais no Brasil tiveram fotos ou vídeos íntimos na internet contra a sua vontade.

Os agressores mais citados pelas mulheres atingidas pela violência no Brasil foram os seus maridos, companheiros e namorados (40%) e ex-companheiros (27%). Há ainda registos de violência praticada por pais e mães (5,2%), padrastos e madrastas (4,1%) e filhos e filhas (3%).

A sondagem mostrou que a principal atitude tomada pelas brasileiras em relação à agressão sofrida no último ano foi não fazer nada (47,4%).

Depois de ‘não fazer nada’ como atitude, a segunda resposta mais frequente das entrevistadas foi a busca por ajuda de um familiar (19,2%) ou de amigos (15,2%), e, somente em quarto lugar, aparece a procura de ajuda num órgão oficial do sistema de Justiça, no caso, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (14,2%), seguido pela procura de atendimento numa esquadra comum (10,3%).

 

CYR // MLL

By Impala News / Lusa

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