Maioria dos estudantes universitários chineses desvaloriza casamento e filhos
Um relatório publicado pelo Instituto de Psicologia da Academia Chinesa de Ciências indica que mais de metade dos estudantes universitários chineses não considera o casamento e a paternidade relevantes.

O documento, que faz parte de um relatório nacional sobre o desenvolvimento da saúde mental no período 2023-2024, baseia-se em inquéritos a cerca de 56.000 estudantes universitários.
De acordo com os resultados, 51,8% dos estudantes inquiridos indicaram que o casamento não era importante para eles e 59,4% disseram o mesmo sobre ter filhos.
As diferenças entre os géneros são notórias: o número de jovens mulheres que afirmam que o amor não é importante é 26% superior ao dos seus colegas masculinos.
No caso do casamento, a diferença entre os dois grupos foi de 38%, enquanto para ter filhos a diferença atingiu os 35%, em ambos os casos com as mulheres a darem menos importância.
De acordo com o estudo, publicado pelo jornal oficial China Daily, os estudantes de meios menos abastados tendem a adiar ou a desistir da ideia de ter filhos devido às dificuldades em conseguir um emprego estável e em obter segurança financeira.
As mulheres consideram ainda os possíveis efeitos da maternidade nas suas oportunidades de carreira.
Os filhos de casamentos problemáticos, segundo o estudo, tendem a evitar constituir família.
Os estudantes cujos pais têm um elevado nível de educação revelam uma maior tendência para adiar ou renunciar a ter filhos, possivelmente influenciados por valores centrados no desenvolvimento pessoal, de acordo com o estudo.
Os autores do relatório sugerem a introdução de conteúdos sobre relações pessoais nos currículos educativos para fomentar uma visão baseada na igualdade e no respeito, bem como políticas económicas de apoio, como subsídios à habitação, à parentalidade e à educação, e serviços públicos de acolhimento de crianças e recursos de aconselhamento sobre relações familiares.
A China, que cedeu o título de nação mais populosa do mundo à Índia em 2023, de acordo com a ONU, aboliu a política de filho único em 2016, mas a taxa de fertilidade continua a cair e, de acordo com analistas locais, situa-se em cerca de um filho por mulher, colocando a China acima apenas da Coreia do Sul neste indicador.
Os casais chineses citam o elevado custo da educação de uma criança e a prioridade dada às suas carreiras como alguns dos fatores que os impedem de decidir ter filhos.
De acordo com as estatísticas oficiais, o número de casamentos na China foi de 6,1 milhões em 2024, o valor mais baixo desde 1980.
JPI // CAD
By Impala News / Lusa
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