Magistrados de Cabo Verde vão pedir explicações sobre alegada corrupção apontada em relatório

O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) de Cabo Verde anunciou hoje que vai pedir explicações sobre alegada corrupção apontada num relatório internacional publicado há duas semanas sobre crime organizado transnacional.

Magistrados de Cabo Verde vão pedir explicações sobre alegada corrupção apontada em relatório

“O CSMJ irá indagar junto do organismo que produziu o relatório sobre a existência de factos concretos que suportam a afirmação feita a fim de, se for o caso, apurar responsabilidades”, lê-se num comunicado de imprensa do órgão de gestão e disciplina dos juízes em Cabo Verde.

Em causa está o relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC, na sigla em inglês), que refere que, em Cabo Verde, “grupos criminosos aproveitaram oportunidades para corromper funcionários responsáveis pela aplicação da lei, juízes, procuradores e altos funcionários do governo”.

“Consciente dos desafios que representa a criminalidade organizada para um pequeno país insular, despido de meios humanos e materiais para controlar a sua vasta zona costeira, o CSMJ, naquilo que representa a sua quota de responsabilidade, reitera a sua postura de vigilância permanente a todos os perigos que representa a criminalidade transnacional para a integridade do sistema judicial”, acrescentou o órgão cabo-verdiano.

Aquela instituição de justiça notou que o documento fala de “corrupção de agentes policiais, juízes, procuradores e altos funcionários do Estado”, mas salientou que é uma afirmação “desacompanhada de qualquer prova”.

“Efetivamente, o mesmo relatório afirma que Cabo Verde é dotado de um poder judicial independente, o que, por si, constitui indício da sua seriedade e credibilidade”, enfatizou o CSMJ, sublinhando que o país aparece com uma pontuação de 6,58, estando na 1.ª posição, entre os 54 países africanos e na 29.ª posição, de entre os 193 países a nível mundial nessa matéria.

“Com maior índice de resiliência no combate ao crime organizado, um ‘score’ que não seria possível atingir, sem um sistema judicial minimamente credível”, completou, destacando o combate que o arquipélago tem dado à criminalidade organizada, pelas grandes apreensões de drogas e pela recuperação de ativos.

No relatório, Cabo Verde, junto com as Ilhas Maurícias e o Ruanda, estão entre os países com baixa criminalidade e elevada resiliência ao crime organizado em África.

O Conselho Superior de Magistratura Judicial aproveitou para exortar os juízes “a se manterem firmes no propósito de combater, sem tréguas, o crime organizado”, que ameaça todos os países do mundo, não sendo, por conseguinte, Cabo Verde, uma exceção à regra.

O CSMJ, composto por nove membros, que entre eles elegem o presidente, é o órgão constitucional de gestão e disciplina dos juízes, de administração autónoma dos recursos humanos financeiros e materiais dos tribunais, bem como dos seus próprios.

De manhã, numa publicação na rede social Facebook, a Procuradoria-Geral da República (PGR) cabo-verdiana disse desconhecer casos de corrupção envolvendo crime organizado e figuras responsáveis por aplicar a lei, referidos no relatório.

E considerou “manifestamente tendencioso destacar apenas o facto” no que respeita ao trabalho do setor judiciário, quando a pontuação obtida pelo país está entre as melhores do continente africano.

RIPE (LFO) // MLL

By Impala News / Lusa

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