Julgamento de autores de atentado terrorista de 2020 começou hoje em França

O julgamento contra um homem que atacou duas pessoas em 2020 em frente às antigas instalações do jornal satírico Charlie Hebdo, assim como cinco outras pessoas, foi aberto hoje num tribunal especial de menores de Paris, em França.

Julgamento de autores de atentado terrorista de 2020 começou hoje em França

O tribunal composto integralmente por magistrados profissionais rejeitou o pedido de vários advogados de defesa que pediam que as audiências fosses realizadas à porta fechada, porque três dos acusados eram menores na altura dos factos.

O julgamento está previsto para até 24 de janeiro.

O ataque ocorreu em 25 de setembro de 2020, durante o processo dos atentados que aconteceram em janeiro de 2015 que visaram principalmente o jornal Charlie Hebdo, em Paris. O semanário havia sido alvo de novas ameaças após ter republicado as caricaturas de Maomé.

Os seis acusados, dois dos quais em liberdade sob supervisão judicial, são todos oriundos da mesma região rural do Paquistão e chegaram a França entre 2018 e 2019.

O atacante, Zaheer Mahmood, que completa 30 anos em 25 de janeiro, está a responder por tentativa de assassínio terrorista e associação criminosa terrorista.

Os demais arguidos estão a ser processados por participação em associação criminosa terrorista.

Por volta das 11:40 (no horário local, 09:40 em Lisboa) de 25 de setembro de 2020, Zaheer Mahmood chegou diante de um prédio, na rue Nicolas-Appert, em Paris, armado com um picador e feriu gravemente dois funcionários da agência Premières Lignes, que estavam debaixo da marquise a fumar um cigarro.

As duas vítimas, uma mulher de 28 anos e um homem de 32, ficaram gravemente feridas na cabeça e na cara.

Zaheer Mahmood pensava que estava a atacar os funcionários do Charlie Hebdo, sem saber que o jornal tinha deixado aquelas instalações após o ataque de 2015.

“O que fiz foi bom. Sinto-me melhor. Considero que são bem punidos. Não gozamos com a religião”, declarou Mahmood sob custódia da polícia.

Zaheer Mahmood explicou a sua ação pela raiva que sentiu pela nova publicação das caricaturas de Maomé. Esta publicação levou a manifestações em países muçulmanos, incluindo o Paquistão.

As buscas e análises aos numerosos telefones e equipamentos informáticos encontrados na casa de Mahmood permitiram identificar cinco pessoas que o teriam “motivado e apoiado no seu processo ideológico que se tornou numa espiral violenta”.

A investigação demonstrou contactos regulares entre Zaheer Mahmood e estes homens, incluindo a troca de vídeos de sermões que defendiam a decapitação de blasfemos.

Em 07 de janeiro de 2015, 12 pessoas foram mortas nos ataques realizados pelos irmãos Kouachi, dois franceses que juraram lealdade à Al-Qaida. Entre estes, oito membros da redação do jornal: os ‘designers’ Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, a psicanalista Elsa Cayat, o economista Bernard Maris e o revisor Mustapha Ourrad.

O jornal Charlie Hebdo irá publicar um número especial na terça-feira, assinalando os 10 anos do atentado, com cerca de 40 caricaturas.

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By Impala News / Lusa

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