Guterres pede investigação e responsabilização após ataque a escola em Gaza

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje a morte de pelo menos 18 pessoas num ataque israelita contra uma escola em Gaza na quarta-feira e pediu uma investigação “independente e minuciosa” que garanta “responsabilização”.

Guterres pede investigação e responsabilização após ataque a escola em Gaza

De acordo com o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, entre as vítimas do ataque à escola que servia como abrigo, em Nuseirat, estavam crianças, mulheres e seis funcionários da UNRWA, a agência das Nações Unidas para refugiados palestinianos.

“Este incidente eleva o número de funcionários da UNRWA mortos neste conflito para 220”, sublinhou Dujarric em comunicado.

As Forças de Defesa de Israel justificaram que o ataque tinha como alvo um centro de comando e controlo do Hamas que estava localizado naquele complexo.

Israel alegou ainda que pelo menos três dos funcionários da UNWRA mortos no ataque eram também combatentes do Hamas.

“Este incidente deve ser investigado de forma independente e completa para garantir a responsabilização”, instou o líder da ONU.

“A contínua falta de proteção eficaz para civis em Gaza é inconcebível. Civis e a infraestrutura da qual dependem devem ser protegidos e as necessidades essenciais dos civis atendidas”, diz o comunicado.

O secretário-geral apelou a todas as partes para que se abstenham de usar escolas, abrigos ou as áreas ao redor dos mesmos para fins militares, recordando que todas as partes no conflito têm a obrigação de cumprir o direito internacional humanitário em todos os momentos.

“O secretário-geral reitera o seu apelo por um cessar-fogo imediato e pela libertação imediata e incondicional de todos os reféns. Essa violência horrível deve parar”, conclui a nota.

Depois dos ataques do Hamas contra Israel em 07 de outubro, que fizeram cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, as autoridades israelitas promoveram uma campanha difamatória contra a agência das Nações Unidas, que desde a década de 1950 presta assistência aos palestinianos que perderam as suas casas e meios de subsistência como resultado da criação do Estado de Israel em 1948.

À época da sua criação, a agência atendia cerca de 750 mil pessoas. Hoje, cerca de 5,9 milhões são elegíveis para solicitar ajuda da UNRWA, uma vez que os filhos de homens palestinianos que viveram no território do Mandato Britânico da Palestina entre 1946 e 1948 também têm o estatuto de refugiado.

Entre os seus serviços, a UNRWA gere mais de 200 escolas na Faixa de Gaza, que desde o início da guerra, há mais de onze meses, serviram de refúgio a centenas de milhares de palestinianos.

O Exército israelita ataca recorrentemente estes centros e acusa frequentemente o Hamas de utilizar as suas instalações para esconder armas, túneis ou centros de comando.

Em janeiro, as acusações israelitas foram mais longe, com Telavive a acusar 12 trabalhadores da UNRWA (em abril esse número subiu para 19) de terem participado nos ataques de 07 de outubro, situação que levou muitos países a suspenderem o seu financiamento à agência.

Todos, exceto o principal aliado de Israel, os Estados Unidos, recuaram.

Após uma investigação que durou meses, o Departamento de Assuntos Internos da ONU (OIOS) afirmou em agosto que, dos 19 acusados, nove podem ter estado envolvidos nos ataques, embora tenha deixado claro que não tinha conseguido verificar de forma independente a informação fornecida pelas autoridades israelitas.

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo Israelita, em 07 de outubro, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou mais de duas centenas de reféns.

Desde então, Israel encetou uma ofensiva em grande escala no território palestiniano, que já matou mais de 41 mil pessoas, na maioria civis de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, além de ter provocado um desastre humanitário e desestabilizado todo o Médio Oriente.

 

MYMM // RBF

By Impala News / Lusa

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