Eugênio Chipkevitch, o pediatra que se gravava a abusar de rapazes
Eugênio Chipkevitch anestesiava os jovens pacientes – todos do sexo masculino – e cometia os mais variados tipos de abusos sexuais. Há dezenas de vítimas.
Eugênio Chipkevitch nasceu em 26 de abril de 1954 na República Socialista Soviética da Ucrânia, parte da então União Soviética. Opositores ao regime soviético, os pais fugiram para o Brasil, onde Eugênio foi criado e, mais tarde, se naturalizou brasileiro. Em 1978, formou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo. Além da especialização em pediatria, introduziu a hebiatria – especialidade médica orientada para o cuidado dos adolescentes – no Brasil, área na qual ficou conhecido, tanto pela prática como pelas contribuições científicas.
Eugênio foi incluído no ranking dos dois mil cientistas mais importantes do século XX e integrava diversas associações dedicadas à pesquisa sobre a saúde do adolescente. Acabou por abrir a sua própria clínica: o Instituto Paulista da Adolescência. Autor de diversos artigos científicos, capítulos em livros e até obras completas, como aquele lançado em 2002, Adolescência: Os segredos que seus filhos não contam. Antes da publicação, os crimes foram descobertos. Naquele ano, um homem encontrou um saco de lixo com formato peculiar próximo a um poste. No saco, estavam 36 fitas de vídeo. Levou as fitas para casa, com a intenção de possivelmente usá-las para gravações pessoais. Antes de apagar o conteúdo antigo, decidiu verificar do que se tratava. Para seu choque, as fitas mostravam vários abusos sexuais a pacientes, todos meninos entre 8 e 13 anos, por um médico pediatra.
Pediatra pedia que pais saíssem da sala para jovens ficarem mais à vontade
O indivíduo encaminhou as fitas à Polícia Civil e também enviou algumas gravações à emissora SBT. A mãe de uma das vítimas reconheceu o filho e identificou o médico, cuja identidade era desconhecida até então. A mãe da vítima relatou que “ele deve ter sido anestesiado porque a veia do pénis estava muito alterada. Eu esperava sempre do lado de fora do consultório. Só após o fim de cada consulta, que durava cerca de uma hora meia, é que podia entrar na sala”. Após o pai ou a mãe responderem um questionário, Eugênio pedia que saíssem do consultório para que o jovem ficasse à vontade para responder a perguntas íntimas.
Aí, sob o pretexto de aplicar outra medicação, anestesiava os pacientes com Dormonid. Após drogar a vítima, despia-a e colocava-a na maca. Depois, acariciava o corpo dos jovens e pegava nos órgãos genitais. Todas as sessões de abuso eram gravadas para que pudesse assistir posteriormente. No total, estima-se que pelo menos 35 jovens tenham sido abusados sexualmente. Eugênio, então com 47 anos, foi detido no dia seguinte à divulgação das imagens. Foi acusado de atentado violento ao pudor com violência presumida, corrupção de menores, tráfico de drogas e falsidade ideológica.
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Além disso, foi ainda investigado por divulgação de pornografia infantil. No entanto, não ficou provado que tenha partilhado as gravações. Em 2004, foi condenado a 114 anos de prisão. Desde 2010 que tenta beneficiar com a progressão de regime semiaberto. Porém, a Justiça entende que ainda “não está apto para isso”. Segundo o juiz desembargador Ricardo Tucunduva, que cita os exames psicológicos, continua com “fantasias infantis”.
Fotos: Reprodução Twitter @CrimesReais
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