Decretada prisão preventiva para responsável das finanças de Venâncio Mondlane
O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo decretou a prisão preventiva da responsável das finanças de Venâncio Mondlane, avançou hoje o político moçambicano.

“Minha mandatária, Glória Nobre Chire, torna-se uma presa política. O juíz decidiu mandá-la para prisão efetiva”, avançou Mondlane na sua página da rede social Facebook.
Glória Monteiro Nobre Chire foi detida no final da manhã de quarta-feira na sua residência em Maputo e, segundo a família, o motivo ainda é desconhecido.
“Eu estava com ela quando tudo aconteceu (…). Foi [um] contingente policial jamais visto. Nós não sabemos qual é a motivação da detenção”, disse hoje à Lusa Aline Nobre Chire, uma das filhas, à porta da 8.ª esquadra da Polícia da República de Moçambique em Maputo, onde esteve a detida.
Durante um direto hoje na sua página do Facebook, Mondlane disse que a responsável pelas suas finanças foi “detida e torturada psicologicamente”.
Segundo Mondlane, Glória Monteiro Nobre Chire foi impedida de falar com a família e advogado por 48 horas, mas hoje foi apresentada a um juiz de instrução.
“Ela estava enclausurada, fechada, não podia ver a família, foi feita uma criminosa ou terrorista, sem a presunção de inocência”, afirmou o político.
Glória Monteiro Nobre Chire, 59 anos, é uma contabilista na reforma, atualmente a responsável das finanças de Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial que lidera a contestação aos resultados das eleições de 09 de outubro em Moçambique.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique tem instaurados processos contra Mondlane, acusando o político, sobretudo, de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais que marcaram o país nos últimos meses.
Na terça-feira, Venâncio Mondlane foi ouvido na PGR sobre um dos oito processos em que é visado.
“Foi-me feita uma saraivada de perguntas que justificou este tempo todo. São perguntas que têm a ver com a promoção das manifestações, a incitação à violência, os prejuízos à economia. Eu respondi essas perguntas sem saber exatamente de que crime sou acusado”, declarou à comunicação social Mondlane à porta da PGR, após quase 10 horas de interrogatório.
O Ministério Público de Moçambique aplicou a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane.
Em 22 de novembro, o MP moçambicano exigiu uma indemnização de 1,5 milhões de euros pelos prejuízos das manifestações na província de Maputo, num novo processo contra Mondlane e o Podemos, partido que o apoiou até fevereiro deste ano.
Esta foi uma segunda ação cível do género conhecida, depois de uma outra a que o MP deu entrada no Tribunal Judicial de Maputo, só referente a prejuízos na capital, pedindo uma indemnização de 32.377.276,46 meticais (486 mil euros).
Em 27 de janeiro, a PGR anunciou a abertura de processos, considerando que o autodenominado “decreto presidencial” de Mondlane subverte os princípios do Estado democrático.
Mondlane, apontado pelo Conselho Constitucional como o segundo mais votado nas eleições presidências de 09 de outubro, lidera a maior contestação aos resultados eleitorais que Moçambique viveu desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.
O escrutínio deu vitória a Daniel Chapo, já empossado como o quinto Presidente de Moçambique.
Desde o início das manifestações, em outubro, pelo menos 353 pessoas morreram na sequência de confrontos entre a polícia e os manifestantes, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, uma organização não-governamental que acompanha o processo.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
EAC // ANP
By Impala News / Lusa
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