Cáritas alerta para pobreza invisível e mais pedidos de ajuda de imigrantes

A Cáritas Portugal alerta para os casos que permanecem invisíveis nas estatísticas oficiais sobre pobreza e destaca a “tendência recente muito relevante” de aumento de pedidos de ajuda por parte de imigrantes.

Cáritas alerta para pobreza invisível e mais pedidos de ajuda de imigrantes

Na segunda edição do estudo “Pobreza e Exclusão social em Portugal: uma visão da Cáritas”, que é apresentado hoje, a Cáritas faz um retrato da realidade nacional tendo em conta os que vivem em situação de pobreza e refere como, nos últimos anos, “a questão da imigração tornou-se cada vez mais central no debate público em Portugal”.

A instituição salienta que tem constatado uma “tendência recente muito relevante [que] é o aumento dos pedidos de apoio por parte de imigrantes” e salienta que as estatísticas oficiais sobre pobreza ou exclusão “ainda têm dificuldade em captar esta realidade”, mas que ela está presente no “dia-a-dia da rede Cáritas”.

“As estatísticas oficiais a nível europeu resultam de inquéritos a pessoas que vivem estritamente em alojamentos familiares habituais, tendo por base a informação dos Censos. Não incluem assim as pessoas em situação de sem abrigo, os reclusos nas prisões, os nacionais ou migrantes que vivem em alojamentos temporários ou as comunidades nómadas”, refere a Cáritas.

“Vários destes casos, invisíveis nas estatísticas oficiais, recorrem ao apoio da rede Cáritas distribuída em todo o país”, acrescenta.

Para a Cáritas, há duas estatísticas que importa ter em conta no caso das pessoas imigrantes: o número de estrangeiros com estatuto legal de residente e o número de estrangeiros por conta de outrem inscritos na Segurança Social.

Refere, por um lado, que “os trabalhadores estrangeiros têm sido fundamentais para sustentar o aumento de emprego em Portugal nos últimos anos”, mas salienta, por outro, que a rapidez com que isso tem acontecido “tem levantado desafios de integração a todas as estruturas da sociedade”, tanto no mercado de trabalho, como no mercado de habitação, na rede pública de apoios sociais e nas estruturas sociais e culturais de acolhimento dos imigrantes.

Segundo a Cáritas, os dados estatísticos disponíveis demonstram que “os imigrantes têm, em média, uma maior vulnerabilidade à pobreza e exclusão social” e que na zona Euro a taxa de privação severa dos nacionais de cada país situava-se em 5,3%, o que compara com 12,8% nos indivíduos com cidadania estrangeira.

“Em contraste, em Portugal, as estatísticas oficiais sugerem que a taxa de privação material e social severa era idêntica entre os nacionais e estrangeiros (4,9%)”, mas defende uma leitura mais atenta deste “resultado surpreendente”, já que a população estrangeira inquirida “não abarca a realidade completa dos imigrantes a viver em Portugal”.

A Cáritas refere que, por razões metodológicas, são incluídos apenas estrangeiros com residência estável e integrados no mercado de trabalho e que, por isso, “as situações de maior privação na população estrangeira não estarão a ser bem captadas” no inquérito levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A Cáritas acredita, por isso, que “à medida que as estatísticas oficiais começarem a abarcar de forma mais fidedigna esta realidade, será de esperar um maior contributo dos estrangeiros para as taxas de risco de pobreza e de privação material e social em Portugal”.

SV // JMR

By Impala News / Lusa

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