Sabe qual é a aranha mais mortal do mundo?

Embora quase todas as aranhas sejam venenosas, algumas destacam-se pelas suas potentes toxinas. Afinal, qual é a aranha mais mortal do mundo?

As aranhas são criaturas comuns. E, como quase todas as 43 mil espécies conhecidas de aranhas da Terra são venenosas, é provável que a maioria das pessoas tenha encontrado uma aranha venenosa nalgum momento da vida.

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Destas, no entanto, só 25 espécies são conhecidas por terem matado ou causado sérios ferimentos a seres humanos. Mas qual aranha é, afinal, aranha a mais mortal do nosso planeta?

As mais mortíferas – as mais frequentemente citadas como tendo causado morte ou ferimentos graves em humanos – são as aranhas-teia-de-funil (Atrax), as viúvas-vermelhas e negras (Latrodectus), as aranhas-banana e errantes (Phoneutria) e as reclusas castanhas ( Loxosceles).

Mas mesmo estas, mortais, com veneno potente e presas preparadas para perfurar a pele, não são particularmente perigosas para o Homem. A Associação Americana de Centros de Controlo de Venenos (AAPCC) rastreou apenas uma morte causada por uma picada de aranha nos EUA, em 2021. A Austrália, lar de algumas das mais venenosas do mundo, não relatou uma única morte por picada de aranha desde 1980.

Aranha-teia-de-funil pode matar uma criança em 5 minutos

“É incrivelmente raro ter um encontro mortal com uma aranha” mortal, diz Rick Vetter, investigador reformado do Departamento de Entomologia da Universidade da Califórnia, cujo trabalho se concentrou em aranhas medicamente importantes. “Considerando todas as coisas más que podem acontecer-lhe, se as aranhas são a sua maior preocupação, é porque tem uma vida descansada.”

A aranha-teia-de-funil está no topo da lista das mais mortais. Nativas da Austrália, possuem um veneno tão potente que a sua picada pode matar em minutos. “A mais mortal é provavelmente a aranha-teia-de-funil e as suas parentes.

A aranha-teia-de-funil de Sydney (Atrax robustus) pode matar uma criança em cerca de 5 minutos e uma criança de 5 anos em cerca de 2 horas”, diz  Vetter, citado numa reportagem de Joshua A. Krisch publicada na Live Science. Embora ninguém tenha morrido por causa destas aranhas desde o a década de 1980, será difícil imaginar uma criança a receber tratamento em tão curto espaço de tempo para recuperar-se de uma picada de teia-de-funil.

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As aranhas Phoneutria, as mais comuns e frequentemente chamadas de aranhas banana ou aranhas errantes, são nativas do Brasil. Têm o veneno mais neurologicamente ativo de todas as aranhas, mas classificam-se um pouco abaixo na lista das mais mortais do mundo, uma vez que o seu veneno funciona de forma relativamente lenta, deixando bastante tempo para o tratamento.

As Loxosceles, a mais familiar das quais é a reclusa castanha (L. reclusa), podem ser uma das causas mais comuns de ferimentos relacionados com aranhas, com picadas dolorosas que podem causar dores no corpo e febre e levar meses a resolver totalmente. Raramente são mortais, no entanto.

O único género de aracnídeo faz alguma sombra à teia-de-funil é a Latrodectus, que inclui o redback australiano (Latrodectus hasselti), e a viúva-negra, mais conhecida, mas apesar de tudo menos mortal. Picam humanos com mais frequência do que as teia-de-funil e o seu veneno é comparativamente potente.

“As espécies mais venenosas (aranhas de teia-de-funil de Sydney e errantes brasileiras) não matam ou impactam assim tantas pessoas”, diz Linda Rayor, ecologista comportamental da Cornell University que se concentra em aranhas, na mesma reportagem. “São as viúvas negras mais amplamente distribuídas que serão as estrelas desta história.”

Porém, e embora os relatórios anuais da AAPCC criem uma secção para estatísticas sobre picadas de aranha, não é fácil obter um controlo real sobre a mortalidade ou a morbilidade provocada por aranhas.

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“Várias mortes humanas por ano são atribuídas a aranhas”, confirma Rod Crawford, curador de aracnídeos do Museu Burke da Universidade de Washington, em Seattle. “No entanto, do ponto de vista científico, quase nenhuma destas atribuições é baseada em evidências” fiáveis, diz.

É “extremamente raro”, explica Crawford, que uma vítima veja uma aranha na pele, sinta uma picada, capture-a e a leve um médico (muito menos a um especialista em aranhas) para análise. “Praticamente todas as ‘picadas de aranha’ de que se ouve falar, incluindo as relatadas em centros de envenenamento, têm origem na crença de que, se não viu o que o picou, foi uma aranha”, acrescenta.

Rayor concorda. “Passei quantidades surpreendentes de tempo a tentar rastrear a taxa de mortalidade humana por picadas de aranhas e é minúscula”, assevera. “Os relatos não são relatados de forma confiável, mas é objetivamente claro que quase ninguém é morto por aranhas”, descansa.

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Com a natureza falível das estatísticas, o Museu Australiano afirma porém que cerca de 2 mil pessoas são picadas por aranhas vermelhas em cada ano e que o antiveneno para a aranha-funil foi administrado a cerca de 100 pacientes desde 1980. O relatório anual da  AAPCC rastreou cerca de 3.500 picadas de aranha, em 2021, com cerca de 40 resultados clínicos “atestáveis”.

Nove destas consequências graves foram atribuídas a viúvas negras e a única morte naquele ano foi atribuída a um – das 29 picadas confirmadas – recluso castanho. Não houve mortes por picada de aranha no relatório de 2020 da AAPCC, que rastreou 7 “grandes” picadas de viúvas negras e 23 de reclusos castanhos.

Isto significa que as aranhas mais mortais não são, de fato, muito mortais. “As verdadeiras picadas de aranha em humanos – perigosas ou inofensivas – são extremamente raras”, afirma Crawford. “Tome-me como exemplo que ao longo de uma longa carreira, manuseei dezenas de milhares de aranhas vivas com as minhas próprias mãos.”

“Apenas fui picada 3 vezes, mas em nenhuma das 3 houve qualquer efeito significativo. Por isso, quando as pessoas me dizem que as aranhas rastejam para suas camas à noite e os picam enquanto dormem, simplesmente reviro os olhos.” Vetter concorda. “Na realidade, as aranhas estão no final da lista de coisas com as quais devemos preocupar-nos.”

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