A explicação científica do fungo zombie da série The Last of Us

Em The Last of Us, tal como no jogo, o fungo zombie domina o cérebro. De início, leva lentamente o hospedeiro a perder a racionalidade, depois os sentidos e, na fase final, deixa de ser um humano.

A explicação científica do fungo zombie da série The Last of Us

The Last of Us é um jogo, mas agora é a série da HBO mais aguardada dos últimos anos. O enredo decorre num mundo pós-apocalíptico zombie. A história é complexa e detalhada. Logo desde o início, percebemos que um fungo parasita move-se lentamente pelo corpo das vítimas humanas até chegar ao cérebro. Uma vez aí, passa a controlá-las, transformando-as em zombies. Na verdade, este fundo existe, mas não ataca pessoas…

Para ler depois
The Last of Us: já pode ver a série mais aguardada dos últimos tempos
Uma das séries mais aguardadas dos últimos tempos, The Last os Us já está disponível no catálogo da HBO Max e crítica não poupa nos elogios (… para ler depois)

Vírus de The Last of Us inspirado na vida real

Ophiocordyceps sinensis é um parente de um fungo que parasita formigas, o Ophiocordyceps laralis. Ele se desenvolve dentro delas e depois as controla, transformando-as em verdadeiros zumbis
O Ophiocordyceps sinensis é um parente de um fungo que parasita formigas, o Ophiocordyceps laralis. Desenvolve-se no interior das formigas e controla-as, transformando-as em autênticos zombies

Ophiocordyceps sinensis é parente de um fungo que parasita formigas, o Ophiocordyceps laralis. Desenvolve-se no interior do hospedeiro e passa a controlá-los, transformando-os em autênticos zombies. Uma vez sob controlo, a formiga sobe a um local e morre, liberando esporos que, levados com o vento, multiplica o fungo. O Ophiocordyceps sinensis, comum na Ásia, tem preferência pela larva da mariposa fantasma e é utilizado como substância afrodisíaca.

A ciência por trás do fungo que inspirou a série

Professor de entomologia e biologia da Faculdade de Ciências Agrícolas da Penn State, David Hughes foi consultor dos criadores da série e considera que “os autores do argumento de The Last of Us fizeram realmente um trabalho fenomenal sozinhos”. Porém, aponta um detalhe errado – o Ophiocordyceps não domina o cérebro, “mantém-no intacto”. Não julga, porém, os criadores da série, pois, até há pouco tempo, os cientistas “pensavam que o fungo dominava de facto o cérebro”.

Em The Last of Us, tal como no jogo, o fungo zombie domina o cérebro. De início, leva lentamente o hospedeiro a perder a racionalidade, depois os sentidos e, na fase final, deixa de ser um humano. Mas o fungo não se move de fora para dentro, como é comum em parasitas de outras obras ficcionais. Começa, antes, a desenvolver-se a partir do cérebro e, só depois, infecta o resto do corpo.

Como o fungo controla a formiga

No caso da formiga, quando infetada, o esporo perfura a pele e, passadas de 24 horas, vai-se desenvolvendo até ao ponto em que “metade da massa da formiga é composta pelo fungo”. De seguida, vai rompendo os órgãos e as células da formiga, destruindo-a literalmente por dentro. O cérebro é a única parte que fica intacta.

Alguns insetos podem sentir algo semelhante à dor. Possuem terminações nervosas que indicam quando algo está errado. “Não podemos afirmar, entretanto, que seja uma dor como a que nós sentimos”, diz David Hughes. Os fungos são mestres a produzir substâncias químicas. O Ophiocordyceps produz um tipo de substância a que chamamos de neuromoduladores. Ou seja, substâncias que afetam os neurónios.

Esta relação “é muito antiga”. “Há milhões de anos que este fungo parasita as formigas carpinteiras, o que equivale a muito tempo a adaptar-se e a ser capaz de dominar a vítima.” O perigo de nos tornarmos zombies, como em Last of Us é, no entanto, ” inexistente”.

Impala Instagram


RELACIONADOS