Ventura considera que “ainda é possível” acordo de governação com PSD

O presidente do Chega considerou hoje que “ainda é possível” um acordo com o PSD para a governação e recusou que ter um deputado que foi imigrante ilegal em França seja uma contradição face às posições do partido.

Ventura considera que

“Tal como dissemos ao Presidente da República, acreditamos que ainda é possível chegar a uma convergência e chegar a um acordo. Se o novo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, entender que isso não é necessário, terá que encontrar com o Partido Socialista as formas de convergência e de suporte que o Governo terá que ter no parlamento”, defendeu.

André Ventura falava aos jornalistas à margem de uma visita à Futurália, feira de educação, formação e empregabilidade, em Lisboa.

O líder do Chega reiterou que esse acordo é condição para o partido votar a favor do Orçamento do Estado e salientou que a AD “consegue fazer duas maiorias, ou com o Chega ou com o PS”.

“O PSD decidirá se acha normal no contexto em que estamos, depois de termos estado oito anos a dizer que este Governo nos levou para o fundo, nos aumentou o poço enorme em termos de corrupção, em termos de crise na saúde e na habitação, se o PSD acha que o seu parceiro é o PS, nós respeitaremos, seremos os líderes da oposição”, afirmou.

E defendeu que o primeiro-ministro indigitado vai “perceber que, do lado do PS, não pode haver nenhuma parceria fiável” e que “só há um outro caminho, e esse caminho é o Chega”.

André Ventura disse também que ainda não falou com Luís Montenegro desde que foi indigitado, na última madrugada, pois não teve “oportunidade” para isso.

Comentando o encontro entre o líder do PSD e o primeiro-ministro cessante, esta manhã em Bruxelas, o presidente do Chega disse ver um “sinal de que o PSD se prepara para iniciar um Governo que vai na continuidade do que foi o governo de António Costa”.

“Se Luís Montenegro optar por seguir um caminho de aproximação ao Partido Socialista e de conluio com o Partido Socialista para garantir um Governo para quatro anos, é uma desilusão para mim” e “para os que votaram”, afirmou.

Ventura acusou também o PSD de seguir a rota “mais fácil”, acusando o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de ser “um peso morto da política portuguesa”.

Questionado sobre notícias que dão conta de que o candidato eleito pelo Chega pelo círculo da Europa, José Dias Fernandes, foi imigrante ilegal em França e chegou a ser expulso daquele país, o líder do Chega recusou que seja uma contradição face à posição anti-imigração do partido.

André Ventura salientou que o deputado eleito “foi emigrante em França nos anos 70, Portugal tinha uma guerra colonial a decorrer, havia um conjunto de fatores políticos na Europa que não têm nada que ver com o que são hoje”.

“O José Dias respeitou os costumes do país para onde foi” e “deu emprego a centenas, talvez milhares de pessoas”, afirmou, considerando que é “um modelo”.

O presidente do Chega sustentou também que Portugal deve acolher quem estiver a fugir à guerra.

Sobre as declarações do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e do deputado socialista José Cesário, que apontaram a existência de uma “campanha de desinformação do bolsonarismo” que terá afetado a eleição portuguesa, André Ventura começou por se rir.

“Só significa que há mais tontos do que eu pensava no país, com todo o respeito”, disse, defendendo que os “emigrantes são quem mais tem sentido a desilusão de o país os ter abandonado”.

Ventura sugeriu também que “Santos Silva tomou alguma coisa antes de ir para a entrevista” que deu à SIC Notícias na quarta-feira.

“Dizer que a vitória do Chega na emigração foi por interferência bolsonarista é o mesmo que dizer que a vitória do Santos Silva há dois anos no ciclo da emigração foi por mão do Nicolás Maduro e do Lula da Silva. É um disparate”, defendeu, considerando que os dois socialistas deviam pedir desculpa aos portugueses.

FM // PC

By Impala News / Lusa

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