Venezuelanos manifestaram-se contra repressão e pela liberdade
Grupos de venezuelanos manifestaram-se hoje em várias regiões da Venezuela para pedir o fim da repressão e a liberdade para os presos políticos no país.
Quiseram também pedir que o Tribunal Penal Internacional (TPI) faça justiça em relação aos crimes contra a humanidade no país, alegadamente perpetrados pelo Governo da Venezuela.
Os protestos foram feitos por pequenos grupos de uma dezena de pessoas que exibiram as palmas das mãos pintadas de vermelho, com mensagens como “já chega”, “justiça” e “liberdade”.
No leste de Caracas, alguns venezuelanos passaram uma das palmas por um lado da cara, deixando pintada a vermelho a mão, cobrindo parcialmente a boca.
Longe das marchas multitudinárias do passado, em Chacao e outras regiões do leste da capital, os grupos de manifestantes passavam por vezes desapercebidos, apesar de alguns deles levarem pequenos cartazes com mensagens como “Edmundo presidente” e “basta de abusos”, numa referência ao candidato presidencial da oposição.
“Queremos ver todos os presos políticos libertados e que o TPI atue rapidamente”, disse uma das manifestantes à agência Lusa, sublinhando que “mesmo com pouca presença nas ruas, os venezuelanos continuam a lutar por um país livre”.
Quando questionada sobre a sua identidade disse chamar-se “‘Senhora Liberdade«, nada mais que isso”.
“Ninguém quer ser identificado, menos quando já estamos em dezembro e vem o Natal. Neste momento, ser levado preso significa que se passará o Natal distante da família e ninguém quer isso”, justificou.
Fotos e vídeos nas redes sociais venezuelanas deram conta de grupos de pessoas em protestos em várias cidades do interior da Venezuela, entre elas Barinas, Barquisimeto, Bolívar e Valência.
Os protestos tiveram lugar no mesmo dia em que a líder da oposição Maria Corina Machado instou os cidadãos a pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que faça justiça em relação aos crimes contra a humanidade alegadamente perpetrados pelo Governo da Venezuela.
“Hoje elevamos o nosso clamor unânime perante o Tribunal Penal Internacional, onde já apresentámos provas suficientes para que seja feita justiça. Em todas as cidades do mundo onde há um venezuelano, protestamos para dizer uma mensagem muito clara: TPI, atua agora”, apelou num áudio divulgado nas redes sociais.
“Deus fez-nos livres e, portanto, capazes de forjar o nosso próprio destino. Devemos preparar-nos para derrubar os velhos muros que nos separam deste novo tempo. Um tempo que já decretámos nas últimas eleições [presidenciais, de 28 de julho], quando elegemos Edmundo González como nosso novo Presidente”, sublinhou.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio desagregadas por assembleia de voto.
FPG// APN
By Impala News / Lusa
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