Ucrânia: Rússia também está a bombardear mentes com desinformação
Josep Borrell acusou a Rússia de estar a bombardear a sua própria população com desinformação, recorrendo de forma sistemática a mentiras para justificar a invasão e distorcer a realidade.
O chefe da diplomacia europeia acusou hoje a Rússia de estar a bombardear a sua própria população com desinformação, enquanto bombardeia a Ucrânia. Recorrendo de forma sistemática a mentiras para justificar a invasão. E distorcer a realidade no terreno. Intervindo num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, sobre “interferência estrangeira nos processos democráticos na UE”, Josep Borrell advertiu que “a manipulação de informação é algo que a máquina de propaganda russa está ativamente a utilizar”. Até para ‘esconder’ o sofrimento da população civil ucraniana e os ataques de que é alvo.
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“A acompanhar a sua campanha militar na Ucrânia, a Rússia está a espalhar informação falsa entre a sua própria população sobre a razão desta invasão. E qual a situação na Ucrânia. Além de estarem a bombardear casas, infraestruturas, pessoas, também estão a bombardear as mentes” com desinformação. Denunciou o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança. Josep Borrell sublinhou que, “ao longo de semanas, muito antes de a invasão começar, os órgãos de comunicação do Kremlin estavam a preparar o terreno”. Designadamente “retratando os russos como vítimas de genocídio”, para justificar a intervenção militar.
“A Rússia está a espalhar informação falsa entre a sua própria população”
O chefe da diplomacia apontou que, entre as mentiras propagadas de forma sistemática, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi acusado de ser “um criminoso de guerra. Um fantoche nas mãos do ocidente”. E a intervenção militar justificada para “livrar a Ucrânia dos nazis. Que estão a cometer um genocídio contra a população russa”. Apontando que “é este o género de mentiras que estão a espalhar de forma sistemática”, Borrell disse que Moscovo até argumenta que “a Ucrânia está a bombardear os seus próprios cidadãos. E a provocar incidentes nucleares” para depois responsabilizar a Rússia.
Borrell critica a crescente censura a que se assiste na Rússia
O Alto Representante lembrou também a crescente censura a que se assiste na Rússia. Onde todos os órgãos de comunicação independentes estão a ser silenciados. Tendo mesmo sido adotada “uma lei que criminaliza o que designam de informação falsa sobre a guerra. Com penas até 15 anos de prisão”. E que condiciona também o trabalho “vital” dos jornalistas internacionais. Argumentando que “esta agressão mostra bem como a UE deve prestar mais atenção à ingerência estrangeira. E, sobretudo, à desinformação”. Borrell adiantou que vai em breve “propor um novo regime horizontal que permitirá [à UE] sancionar os agentes malignos da desinformação”. “Isto fará parte de uma caixa de ferramentas mais ampla que reforçará a nossa capacidade de dissuasão e de ação”, declarou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia. Que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil. Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional. Que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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