Ucrânia: Guerra já levou 4,21 milhões de ucranianos a fugir do país
O número de refugiados da Ucrânia para países vizinhos atingiu as 4.215.047 pessoas, de acordo com o mais recente balanço do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
O número de refugiados da Ucrânia para países vizinhos atingiu as 4.215.047 pessoas, de acordo com o mais recente balanço do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), hoje divulgado. Os novos dados representam um aumento de quase 40.000 pessoas em relação ao número apresentado no domingo pelo alto-comissário para os Refugiados, Filippo Grandi. Cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia — num afluxo que a Europa não registava desde a II Guerra Mundial – são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, cerca de 205.500 não-ucranianos também fugiram do país devido à guerra com a Rússia, mas estes refugiados encontraram, muitas vezes, dificuldades em regressar ao seu país de origem. A ONU estima ainda que o número de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia ronde os 6,5 milhões. No total, a organização contabiliza mais de 10 milhões de pessoas — ou seja, mais de um quarto da população — fugidas de suas casas, entre as que atravessaram a fronteira para encontrar refúgio em países vizinhos e as que viajaram para outras regiões do país.
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A Polónia continua a ser o primeiro país de destino dos ucranianos, abrigando mais da metade de todos os refugiados que deixaram a Ucrânia desde o início da invasão russa. Desde 24 de fevereiro, 2.451.342 ucranianos, ou seja, seis em cada 10 refugiados, entraram na Polónia, segundo o ACNUR, sendo que, de acordo com a Unicef, metade são crianças. Deste total, e segundo o vice-ministro do Interior polaco, 1,5 milhões permanecem no país e 600.000 já obtiveram o número de identificação nacional para poderem aceder a serviços públicos como o de saúde ou obter um número de telefone ou conta bancária.
A Roménia é o segundo país para onde fogem mais ucranianos, tendo a agência de refugiados da ONU contabilizado 643.058 entradas até ao final de domingo, enquanto a Moldova, um pequeno país de 2,6 milhões de habitantes, recebeu 394.740 pessoas. O elevado número de entradas relativamente à população total da Moldova levou a Comissão Europeia a incentivar os refugiados ucranianos a continuar a viagem para se estabelecerem num país da União Europeia mais capaz de arcar com os encargos financeiros.
O Programa Alimentar Mundial começou por seu lado a distribuir assistência financeira às famílias que recebem refugiados naquele que é um dos países mais pobres da Europa. A contabilização feita pelo ACNUR até final de domingo indica ainda que a Hungria recebeu 390.302 ucranianos e a Eslováquia 301.405 pessoas.
A Rússia foi o destino de quase 350.632 (até 29 de março, o último dia com dados disponíveis neste país), tendo o ACNUR acrescentado que, entre 21 e 23 de fevereiro, 113.000 pessoas cruzaram os territórios separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk (leste da Ucrânia) para a Rússia. A Bielorrússia acolheu 15.281 pessoas. Antes deste conflito, a Ucrânia era povoada por mais de 37 milhões de pessoas nos territórios controlados por Kiev – que, portanto, não incluem a Crimeia (sul), anexada em 2014 pela Rússia, nem as áreas separatistas pró-russas do leste. Segundo a Unicef, mais da metade das 7,5 milhões de crianças do país estão deslocadas internamente ou refugiadas.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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