Tribunal mantém detenção de Presidente suspenso e manifestantes reagem em fúria

Os tribunais sul-coreanos prorrogaram a detenção do Presidente Yoon Suk Yeol, suspenso do cargo após a sua detenção por tentativa de imposição da lei marcial, provocando a fúria de dezenas de manifestantes que invadiram o tribunal.

Tribunal mantém detenção de Presidente suspenso e manifestantes reagem em fúria

Os manifestantes partiram os vidros das janelas do edifício, situado na zona ocidental de Seul, antes de entrarem, segundo um vídeo transmitido em direto da sala do tribunal.

“Existe a preocupação de que o suspeito possa destruir provas”, afirmaram os juízes ao justificar a sua decisão de não libertar o Chefe de Estado destituído.

Dezenas de milhares de manifestantes — 44.000 segundo a polícia – entoando palavras de ordem de apoio a Yoon e alguns segurando cartazes onde se lia “libertem o presidente”, tinham-se reunido anteriormente no exterior do tribunal e entrado em confronto com a polícia.

A polícia local disse à agência AFP que um total de 40 manifestantes foram presos após a violência, que incluiu ataques a membros e veículos das forças de segurança.

Yoon, que mergulhou a Coreia do Sul na sua pior crise política das últimas décadas, falou durante 40 minutos perante os juízes, informou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap.

O seu advogado disse à AFP que esperava “restaurar a sua honra”.

Yoon Kab-keun disse a jornalistas após a audiência, de cerca de cinco horas, que o Presidente suspenso explicou “fielmente e respondeu aos factos, às provas e às questões jurídicas”.

O Gabinete de Investigação da Corrupção (CIO), que lidera a investigação, afirmou num comunicado que dois veículos que transportavam membros da sua equipa tinham sido atacados por manifestantes, “criando uma situação perigosa”.

O partido de Yoon apoia, de um modo geral, a aliança de segurança dos Estados Unidos com a Coreia do Sul e rejeita qualquer compromisso com a Coreia do Norte, que possui armas nucleares.

A decisão do tribunal de manter o chefe de Estado em detenção dá tempo aos procuradores para formalizarem uma acusação de insurreição, que o tornaria passível de prisão perpétua ou de execução se fosse considerado culpado.

Yoon é acusado de ter desestabilizado o seu país ao decretar a lei marcial em 03 de dezembro, uma tomada de poder que foi rapidamente contrariada pelos deputados num parlamento rodeado de soldados.

Segundo o presidente sul-coreano, a medida destinava-se a proteger a Coreia do Sul das “forças comunistas norte-coreanas” e a “eliminar os elementos hostis ao Estado”.

Foi detido a 15 de janeiro na sua residência oficial, facto inédito para um chefe de Estado em exercício na Coreia do Sul.

Em 14 de dezembro, a Assembleia Nacional votou uma moção de impugnação contra Yoon, o que levou à sua suspensão. No entanto, continua a ser oficialmente Presidente, sendo que apenas o Tribunal Constitucional tem o poder de o destituir do seu título.

Neste processo paralelo às investigações em curso, o Tribunal Constitucional tem até meados de junho para o destituir definitivamente do cargo ou para decidir a sua reintegração.

AG // JMR

By Impala News / Lusa

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