Três camponeses raptados por terroristas no norte de Moçambique

Populares do distrito de Metuge, na província moçambicana de Cabo Delgado, denunciaram o rapto de três camponeses, nos campos de produção de Nampipi, alegadamente por grupos de insurgentes que atacam na região

Três camponeses raptados por terroristas no norte de Moçambique

Uma fonte local relatou à Lusa que na segunda-feira, nove pessoas deslocaram-se da sede de Metuge para os seus campos de produção agrícola, na zona de Nampipi, a 60 quilómetros. Contudo, ao final do dia, foram surpreendidos, dentro das cabanas, por homens armados que os levaram à força.

“Estavam em cabanas separadas, mas próximas por questões de precaução, quando de repente um grupo de homens armados chegou e lhes disse para seguirem com eles”, disse a fonte, a partir de Metuge.

Seis dos camponeses do grupo, acrescentou, escaparam, porque optaram por dormir na mata e não nas cabanas.

“Foram os terroristas, sim. Estive escondido, não muito distante, quando me apercebi que havia homens armados a levar os meus companheiros. Por medo não pude sair, mas doeu-me não ter ajudado”, lamentou um dos integrantes do grupo.

O grupo de camponeses, com idades entre 55 a 60 anos, tinha decidido ir ao campo, percorrendo uma longa distância pelo interior do distrito, mesmo contra a vontade de alguns familiares que temiam situações semelhantes ao ataque à vizinha aldeia de Pulo, onde em 06 de março morreram seis pessoas.

“Eu disse ao meu primo para não ir. Ele respondeu-me de que vive da produção, não tem outra alternativa se não produzir e que as pragas estão a acabar com a comida”, lamentou outra fonte, a partir de Metuge.

Habitantes estão a abandonar as aldeias de Walopwana e Muisse, também no distrito de Metuge, devido à movimentação de grupos terroristas.

Informações da comunidade local obtidas pela Lusa indicam que, em 09 de março, os terroristas capturaram uma pessoa nas matas de Nampipi, a quem pediram para localizar a comunidade de Walopwana, que supostamente seria a próxima a ser atacada.

“Os terroristas estão entre nós, aqui. Ainda não foram longe, capturaram o senhor João, vinha da machamba [campo agrícola] e disseram-lhe para mostrar a aldeia de Walopwana. Ele com medo fez, porque segundo lhe disseram seria o próximo ponto”, lamentou uma fonte de Metuge, que abandonou o campo agrícola na comunidade de Muisse.

“Eu, minha esposa e meus filhos estamos em Metuge desde quarta-feira, queríamos voltar, mas os bandidos estão ainda a chatear”, lamentou um morador, de 55 anos.

No domingo, um casal de idosos saiu de Metuge para ir a Nampipi, a mais de 60 quilómetros, onde tem um campo agrícola, mas teve de voltar após se deparar com populares de Walopwana e Muisse em fuga, face a rumores da presença dos terroristas.

“Nós saímos daqui de Metuge em direção a Nampipi, mas não prosseguimos. Encontrámos muitas pessoas de Muisse e Walopwana a fugir para Metuge”, disse o homem, de 67 anos.

O ataque a Metuge acontece numa altura em que as pragas estão a atacar as culturas, sobretudo na zona de Nampipi, o que pode comprometer a alimentação da população local.

“Há muita produção que se vai perder nos campos, porque os terroristas estão a circular exatamente nas zonas onde há muita comida”, lamentou a fonte.

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

RYCE // VQ

By Impala News / Lusa

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