Scholz arranca campanha no reduto da Volkswagen e símbolo da turbulência económica alemã
Olaf Scholz começou hoje em Wolfsburg, berço do grupo Volkswagen e símbolo da turbulência económica alemã, a sua campanha para convencer os cidadãos que pode ‘ressuscitar’ o país num segundo mandato à frente do Governo.
Kathrin Kühne foi uma das primeiras a ocupar o seu lugar na sala onde o Partido Social Democrata (SPD) do chanceler reuniu os seus apoiantes, não muito longe da sede da gigante automóvel e da sua fábrica histórica, a maior da Volkswagen.
Mas para esta reformada, que trabalhou durante 27 anos na fabricante do Golf – tal como os seus pais antes dela – o tempo em que o grupo “trouxe prosperidade” acabou mesmo, noticiou a agência France-Presse (AFP).
A Volkswagen causou agitação na Alemanha no outono passado quando revelou um plano de corte sem precedentes que resultará no corte de 35.000 postos de trabalho até 2030 e em cortes de receitas.
A maior economia da Europa anunciou esta semana que o seu produto interno bruto (PIB) encolheu no ano passado, um segundo ano consecutivo de recessão, a pior em 20 anos.
A recuperação do país e a transformação do seu modelo económico estão no centro da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 23 de fevereiro.
Os sociais-democratas estão atrás dos conservadores liderados pelo bloco democrata-cristão de Friedrich Merz, que são os favoritos à reconquista da chancelaria, por quase 15 pontos nas sondagens.
Sergio Dodaro, de 64 anos, que deixou o sul de Itália aos 19 anos para trabalhar nas fábricas da Volkswagen, disse contar com Olaf Scholz para “colocar este país de volta nos carris”.
No entanto, Jens Reineccius, proprietário de um salão de cabeleireiro no centro de Wolfsburg, acredita que o partido de centro-esquerda tem alguma responsabilidade na crise enfrentada pela Alemanha e pela Volkswagen.
A região da Baixa Saxónia (noroeste), onde se situa a sede do fabricante, é um bastião do SPD. Durante décadas, a política e a indústria dividiram o volante dentro do grupo, uma vez que o Estado é acionista de 20%.
“Não é normal que o governo estadual ou federal se envolva numa empresa industrial”, frisou Jens Reineccius.
Eleitor tradicional do partido liberal FDP, Jens Reineccius confessou que já não sabe em quem votar. Este pequeno partido, que defende as empresas e a ortodoxia orçamental, provocou a implosão da coligação de Olaf Scholz em novembro, à qual era aliado.
Aos cerca de 1.500 “camaradas” reunidos em Wolfsburg, o chanceler cessante prometeu “lutar pelo futuro do trabalho e do emprego na Alemanha, por um novo crescimento” num país ansioso com o espetro da desindustrialização.
Fiel à história do seu partido, disse querer defender “os trabalhadores” com “um Estado capaz de agir, um Estado que esteja lá para todos e não apenas para quem pode pagar”, criticando duramente os cortes de impostos prometidos pelos conservadores, que beneficiarão “os mais ricos”.
Apelou também a um “avanço” na mudança da indústria automóvel para as tecnologias elétricas, que o Partido Conservador considera demasiado rápida.
Sem suscitar grande entusiasmo entre os ativistas, a maioria dos quais abandonou a sala assim que o discurso terminou.
DMC // RBF
By Impala News / Lusa
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