Saiba tudo sobre o congresso do PSD

No 37.º congresso do PSD, o novo líder e o seu adversário, Santana Lopes, ensaiaram estratégia de unidade, «ensombrada» pelo discurso de Luís Montenegro, potencial candidato no futuro.

Saiba tudo sobre o congresso do PSD

O 37.º congresso do PSD terminou este domingo, em Lisboa, onde o novo líder, Rui Rio, e o seu adversário, Santana Lopes, ensaiaram uma estratégia de unidade, “ensombrada” pelo discurso de Luís Montenegro, potencial candidato no futuro.

Vaias a Elina Fraga

Um mês depois das eleições diretas, que ganhou com 54% dos votos, Rio chegou ao Centro de Congressos de Lisboa com um pré-acordo com Santana e deixou para sábado a surpresa e a polémica: a escolha para uma das vice-presidências de Elina Fraga, a ex-bastonária dos advogados que atacou o Governo PSD de Passos Coelho com um processo devido ao mapa judiciário, em 2014.

“Traição”, acusou, longe do congresso, em declarações ao Observador, Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra da Justiça de Passos, apontando diretamente a Rui Rio.

Uma escolha incómoda para quem pertenceu às direções e ao Governo de Pedro Passos Coelho, e que levou muitos delegados a vaiar Elina Fraga no momento em que foi chamada ao palco na sessão de encerramento.

À direção do PSD regressam agora vários ex-ministros, como David Justino, que teve a pasta da Educação com Durão Barroso e foi consultor de Cavaco Silva, na Presidência da República, e Nuno Morais Sarmento, ex-número dois de Barroso no PSD e no Governo.

Outra das surpresas foi a escolha de Isabel Meireles, advogada, especialista em Assuntos Europeus e ex-candidata do PSD à câmara de Oeiras.

RIo sem maioria

No Conselho Nacional, Rio ficou sem maioria (teve 34 em 70 eleitos), face às sete listas apresentadas, incluindo por distritais descontentes com a falta de representatividade regional na lista de unidade, de Rui Rio e Santana Lopes.

Rio viu ainda a sua direção ser aprovada por 64,7% dos votos, o pior resultado desde 2007, com a Comissão Política Nacional de Luís Filipe Menezes.

Sem maioria fica também no Conselho de Jurisdição Nacional, agora presidido por Nunes Liberato, ex-secretário-geral do PSD e chefe da Casa Civil da Presidência, com Cavaco Silva.

De Santana Lopes, Rui Rio ouviu palavras de apoio no esforço pela “unidade e convergência” que, disse, nem sempre os seus apoiantes deram ao anterior presidente, Pedro Passos Coelho.

A fugir ao consenso, Luís Montenegro, o ex-líder parlamentar que ponderou candidatar-se nas diretas, prometeu não ser oposição a Rio, mas fez-lhe críticas, pelas hesitações do ex-autarca do Porto em concorrer, às legislativas ou às presidenciais.

Para o futuro, Montenegro, que recebeu um sonoro aplauso dos congressistas, deixa em aberto o cenário de se candidatar e pediu a Rui Rio para não recear sombras – “a sombra só incomoda os fracos”.

Dos discursos que Rio fez ao congresso, um a abrir e outro a fechar, há a reter uma clarificação quanto ao “não” a um Bloco Central e um desafio ao Governo para uma reforma na Segurança Social.

Na sua intervenção final, defendeu debates alargados no país sobre descentralização e a reforma do sistema da Segurança Social, embora sem apontar propostas concretas.

Considerando que a atual solução governativa, apoiada à esquerda, condiciona o governo e torna-o incapaz de gerar mais crescimento económico e de ter “o futuro como prioridade nacional”, Rio apontou o fortalecimento da classe média como “o principal foco de ação” de um partido social-democrata, a par do combate à pobreza.

Pedro Passos Coelho, que se apresenta agora como “um soldado” do “exército” social-democrata, abandonou a liderança oito anos depois de chegar à sede da São Caetano à Lapa, aplaudido e saudado por Rio e muitos delegados.

 

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