Rússia acusa EUA de “eliminar a possibilidade” de criar Estado palestiniano

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo acusou hoje o Governo dos Estados Unidos de “eliminar a possibilidade” de criação de um Estado palestiniano devido ao seu “apoio incondicional” a Israel e respetivas ações “estratégicas” no Médio Oriente.

Rússia acusa EUA de

“Se olharmos para o sul da Eurásia e para a situação no Médio Oriente, veremos que é dramática. Esta região estrategicamente importante foi levada à beira da desestabilização pelos países ocidentais”, afirmou Serguei Lavrov durante o seu discurso num fórum sobre o futuro da região, segundo a agência noticiosa russa TASS.

Lavrov sublinhou que os Estados Unidos, embora “às vezes emitam alguma crítica”, continuam a apoiar as autoridades israelitas “de forma incondicional”.

“Isso acaba por traduzir-se na erradicação de qualquer esperança” e “vai contra as decisões adotadas pela ONU em 1948 sobre a criação de Israel e a Palestina”.

O chefe da diplomacia russa recordou também que, desde o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a território israelita, a 07 de outubro de 2023 — que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns -, mais de 54.000 civis palestinianos foram mortos em operações israelitas.

“Isto desafia toda a compreensão, não se enquadra em descrições e nós, juntamente com os nossos amigos árabes, insistimos que este derramamento de sangue deve terminar”, defendeu Lavrov.

Além dos mortos, a guerra no território palestiniano fez também mais de 123.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

A situação da população daquele enclave devastado pelos bombardeamentos e ofensivas terrestres israelitas agravou-se mais ainda pelo facto de a partir de 02 de março, e durante mais de dois meses, Israel ter impedido a entrada em Gaza de alimentos, água, medicamentos e combustível, que estão agora a entrar a conta-gotas.

Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza como estando mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica”, a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

E, no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio naquele território palestiniano e de estar a utilizar a fome como arma de guerra – acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.

Após um cessar-fogo de dois meses, o Exército israelita retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março e apoderou-se de vastas áreas do território.

No início de maio, o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou um plano para “conquistar” Gaza, que Israel ocupou entre 1967 e 2005.

ANC // SCA

By Impala News / Lusa

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