Quase uma criança por dia morreu ou desapareceu no Mediterrâneo desde 2015

Cerca de 3.500 crianças morreram ou desapareceram na última década, ou seja, quase uma por dia, quando tentavam atravessar o Mediterrâneo Central entre o Norte de África e Itália, calculou a Unicef num relatório hoje divulgado.

Quase uma criança por dia morreu ou desapareceu no Mediterrâneo desde 2015

A agência das Nações Unidas baseia este número na proporção de crianças que chegam a solo europeu através desta rota migratória — uma em cada seis — face às 20.800 pessoas que morreram ou desapareceram nos últimos 10 anos.

Este número pode estar subestimado porque muitos naufrágios passam despercebidos devido à falta de sobreviventes para testemunhar.

Além disso, sete em cada 10 crianças viajam sozinhas, sem os pais, de acordo com a agência da ONU dedicada às crianças.

“Muitas crianças que tentam atravessar o Mediterrâneo Central estão a fugir da guerra, do conflito, da violência e da pobreza”, refere o relatório, acrescentando que “mais de metade das crianças e jovens inquiridos relataram ter sofrido violência física e um terço denunciou ter sido detido” contra a sua vontade.

“Os governos devem proteger os direitos e os melhores interesses das crianças. Os direitos consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança não se limitam às fronteiras ou às praias; acompanham as crianças em toda a travessia”, afirmou a coordenadora da Unicef Regina De Dominicis, citada no relatório.

A agência da ONU sublinha ainda que, embora a adoção do Pacto Europeu sobre Migração e Asilo, que deverá entrar em vigor em meados de 2026, “possa ajudar a organizar melhor a gestão da migração, deve ser implementado em total conformidade com as obrigações legais para proteger os melhores interesses das crianças”.

A Unicef apela também ao reforço das operações de busca e salvamento no mar, tendo em conta as necessidades específicas das crianças.

“Ao chegar, cada criança deve receber imediatamente representação legal e medidas de proteção rigorosas. As medidas de restrição de circulação nunca devem permitir que uma criança seja detida num centro de detenção, seja durante o rastreio, a passagem da fronteira, o pedido de asilo ou os procedimentos de regresso”, conclui a Unicef.

PMC //APN

By Impala News / Lusa

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