PSD/Madeira precisa “mudar alguns generais”
O ex-secretário regional madeirense Manuel António Correia, que vai disputar as internas do PSD no arquipélago com Miguel Albuquerque na quinta-feira, considera que o partido “precisa mudar alguns generais, mas manter o exército” na região.
“Esta não é uma questão pessoal, que fique bem claro. Respeito as pessoas. Tenho boas relações pessoais. A questão é política”, declarou, em entrevista à agência Lusa.
O candidato, licenciado em Direito e secretário do Ambiente e Recursos Naturais na governação de Alberto João Jardim, já defrontou Albuquerque em eleições internas em 2014 e obteve 37% dos votos, contra os 63% do adversário, que lidera atualmente os sociais-democratas madeirenses e é presidente demissionário do executivo insular, atualmente em gestão.
Manuel António Correia decidiu avançar na corrida à liderança da estrutura partidária por reconhecer que a Madeira vive “um momento muito difícil” e “está num pântano político há algum tempo”.
“A lista titulada por Miguel Albuquerque e pelo seu núcleo duro político, neste momento, perante este problema, não é a solução”, disse.
Na sua perspetiva, Albuquerque “não tem elasticidade de votos e de eleitorado para aumentar aquilo que é o património votante do PSD/Madeira”. Sondagens recentes, assinalou, indicam que o partido está com cerca de 30% de intenções de voto no arquipélago.
“Isso, digamos, é o mínimo que o PSD tem e esse mínimo não é suficiente para ter uma solução de governo para a região”, observou.
Por isso, considerou necessário que a direção política do PSD/Madeira consiga ir buscar o voto daqueles que já apoiaram o partido e dos jovens, que “não se reveem nesta situação e votam noutros partidos”. A sua lista, acrescentou, tem essa capacidade.
Manuel António Correia referiu que parte do eleitorado do Chega e dos abstencionistas são “sociologicamente do PSD”, e que muitos lhe têm transmitido estar dispostos a votar novamente no partido se houver uma nova direção.
O candidato assegurou que não seguirá uma política de ataque utilizando a investigação judicial sobre corrupção na qual Albuquerque foi constituído arguido e que resultou na sua demissão do cargo de presidente do Governo Regional (PSD/CDS), após o PAN — com quem foi assinado um entendimento parlamentar — lhe ter retirado a confiança política.
Contudo, para o ex-governante, “o problema político do dr. Miguel Albuquerque não começa com este processo”, mas na noite das eleições regionais, em setembro de 2023, quando faltou à sua palavra de que só governaria com maioria absoluta e “criou um mecanismo descendente na sua relação com o eleitorado”.
A situação, sublinhou, não se resolve com a sua reeleição, visto que os partidos com quem pode fazer uma coligação já o rejeitaram e o “problema torna-se insolúvel”.
Apesar de defender “a renovação da classe política, dos principais dirigentes”, Correia assegurou que o processo não implica a mudança de todos os quadros políticos do partido, que “na generalidade são úteis”.
O que está em causa, indicou, é “um certo dirigismo político, uma certa nomenclatura de um grupo político estrito de pessoas que está a comandar a atual situação do PSD”, e que deve ser substituído “sem drama nenhum”.
Sobre a sua ausência da política desde 2014, explicou ter sido um afastamento benéfico que o tornou num “melhor político”. Se tivesse manifestado as suas opiniões “ia criar situações de desunião, de clivagem do partido”.
Apoiado nas eleições internas pelo histórico líder regional Alberto João Jardim, Manuel António Correia acredita que é “possível derrotar o adversário”, pela génese da sua candidatura, que indicou ter sido solicitada de forma transversal, por pessoas de diferentes zonas, perfis, idades e grupos.
AMB // ROC
By Impala News / Lusa
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