Protesto pede expulsão de haitianos sem documentos da República Dominicana
Centenas de pessoas manifestaram-se na capital da República Dominicana, Santo Domingo, para exigir que o Presidente Luis Abinader cumpra a promessa de expulsar do país 10 mil haitianos sem documentos, por semana
De acordo com dados oficiais, cerca de 500 mil haitianos vivem na vizinha República Dominicana, um país caribenho de 10,5 milhões de habitantes que partilha a ilha Hispaniola com o Haiti, em plena crise económica e sob o controlo de grupos de crime organizado.
“Fora com os haitianos”, “Se Abinader não os expulsar, nós o faremos”, “Não à invasão dos haitianos”, gritaram os manifestantes na Place du Drapeau, em Santo Domingo, no sábado.
“[Estamos aqui] para que o Presidente não reverta a sua decisão e comece a sancionar os imigrantes ilegais”, declarou à imprensa Angelo Vasquez, presidente da Antiga Ordem Dominicana, um movimento nacionalista que organizou o protesto.
Cerca de 250 mil haitianos foram expulsos da República Dominicana em 2023, de acordo com as estatísticas oficiais. Se Luis Abinader cumprir a promessa de 10 mil expulsões por semana, o número anual ultrapassará os 500 mil em 2024.
“Não pode haver dois países num só, uma cultura muito diferente, idiossincrática, uma religião, não podemos suportar o fardo do Haiti (…) eles nem têm documentos no seu país, já chega, estamos a chegar ao limite”, disse Lidia Baez, uma gestora, à agência de notícias France-Presse.
Os manifestantes exigiram ainda que os haitianos expulsos fossem impedidos de regressar, denunciando irregularidades no controlo fronteiriço.
Por sua vez, a comunidade haitiana afirma ser vítima de discriminação.
Ativistas como o coordenador do Gabinete de Migração e Refugiados da República Dominicana, William Charpentier, de origem haitiana, falam de “perseguição racial” por parte da polícia durante inúmeras operações.
Os haitianos representam 30% da força de trabalho dos setores da pecuária, agricultura e construção civil na República Dominicana, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a População.
A onda de violência no Haiti e a situação humanitária catastrófica, que causou quase 3.900 mortos desde janeiro, obrigou mais de 700 mil pessoas, metade das quais crianças, a abandonar as suas casas na procura de refúgio noutros pontos do país, de acordo com os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), publicados na quarta-feira.
Isto apesar da chegada ao Haiti da Missão Multinacional de Apoio à Segurança, liderada pelo Quénia.
A missão tem atualmente apenas 400 operacionais, a grande maioria quenianos. No início de setembro, cerca de duas dezenas de polícias e soldados da Jamaica chegaram ao Haiti.
A missão deverá atingir 2.500 operacionais. Bahamas, Bangladesh, Barbados, Benim e Chade já se comprometeram a enviar polícias e soldados, embora não seja claro quando isso poderá acontecer.
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By Impala News / Lusa
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