Presidente israelita desafia Netanyahu e questiona ataques na Faixa de Gaza
O Presidente israelita, Isaac Herzog, manifestou-se hoje “profundamente perturbado” com o recomeço dos ataques na Faixa de Gaza e consequências destes no regresso dos reféns ali mantidos pelo Hamas, desafiando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“É impossível não ficar profundamente perturbado com a dura realidade que se desenrola perante os nossos olhos”, afirmou Herzog numa declaração em vídeo, sem mencionar o nome do primeiro-ministro.
“É impensável retomar os combates enquanto se prossegue a missão sagrada de repatriar os nossos reféns”, acrescentou o chefe de Estado, cargo a que não competem poderes, mas que é geralmente respeitado.
Netanyahu assumiu a responsabilidade pelo lançamento de ataques intensos em Gaza que desde terça-feira, segundo o Hamas, mataram mais de 500 pessoas.
Os ataques foram seguidos de uma operação terrestre “direcionada” para pressionar o movimento islamita a libertar os 58 reféns ainda detidos no território.
As famílias dos reféns afirmam que estes ataques podem pôr em risco a vida dos prisioneiros.
Na mensagem, Herzog apelou aos líderes políticos para que “ponderem cuidadosamente cada medida e avaliem se esta reforça a resiliência nacional, em particular se contribui para o esforço de guerra e para o regresso dos reféns”.
O Presidente lamentou também que “milhares de reservistas tenham sido convocados recentemente”.
“É inconcebível enviar os nossos filhos para a frente de batalha e, ao mesmo tempo, promover iniciativas controversas que (…) criam divisões profundas no seio da nossa nação”, acrescentou.
A declaração foi feita enquanto o governo se reunia para aprovar, sob proposta do primeiro-ministro, a demissão do chefe do Serviço de Segurança Interna (Shin Bet), Ronen Bar.
A decisão do chefe de governo surgiu após este serviço de informações interno receber instruções da Procuradoria israelita para que investigue alegadas ligações de funcionários do gabinete do primeiro-ministro ao Qatar.
Netanyahu defendeu na segunda-feira que a sua decisão de despedir Bar foi tomada depois de ter perdido a sua confiança no responsável.
Bar respondeu numa longa declaração, noticiada pela imprensa israelita, salientando que “o dever de confiança do diretor do Shin Bet é, antes de mais, para com os cidadãos de Israel”.
“A expectativa de lealdade pessoal do primeiro-ministro é fundamentalmente errónea e diretamente contrária à lei do Shin Bet”, adiantou.
Netanyahu está também a enfrentar tensões crescentes com a procuradora-geral Gali Baharav-Miara, a quem acusou de “traição perigosa” e “uma tentativa de usurpar o governo” ao posicionar-se contra a demissão de Bar.
Além disso, Netanyahu tem comparecido em tribunal vários dias por semana desde 10 de dezembro para ser julgado por três casos de corrupção.
O seu depoimento final, previsto para terça-feira, foi cancelado devido ao início da nova ofensiva de Israel em Gaza.
Na quarta-feira, Netanyahu recorreu às redes sociais para afirmar que “os esgotos estatais esquerdistas estão a usar o sistema judicial” contra si, equiparando-se ao Presidente norte-americano, Donald Trump, seu aliado, que também foi alvo de diversas acusações judiciais, uma das quais resultou em condenação.
“Nos Estados Unidos e em Israel, quando um forte líder de direita ganha uma eleição, os esgotos estatais esquerdistas instrumentalizam o sistema judicial para frustrar a vontade do povo”, publicou.
Poucos minutos depois, o Presidente Isaac Herzog saiu em defesa do poder judicial israelita “forte e independente”, que “é um trunfo para a democracia” israelita.
“O Presidente de Israel tem muito orgulho nisso”, publicou Herzog nas redes sociais.
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By Impala News / Lusa
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