Presidente da Ucrânia elogia apoio de Portugal à «integridade territorial» do país e apela à paz

Petro Poroshenko elogiou o apoio de Portugal à «soberania e integridade territorial» do país, após um primeiro encontro com Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da Ucrânia elogia apoio de Portugal à «integridade territorial» do país e apela à paz

O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, elogiou esta segunda-feira o apoio de Portugal à “soberania e integridade territorial” do país, após um primeiro encontro com o homólogo português no Palácio de Belém no início de uma breve visita oficial a Lisboa.

“Portugal reconheceu a ocupação ilegal da Crimeia e reconheceu que a Rússia ocupou território ucraniano na região do Donbass [leste do país]. Esta questão da segurança foi muito discutida entre nós, um trabalho efetivo entre os dois países e um apoio de Portugal à Ucrânia para a integração na União Europeia (UE)”, assinalou o chefe de Estado ucraniano, em breves declarações à imprensa ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa.

Petro Poroshenko agradeceu também “a Portugal e a todos os membros da UE” a decisão adotada em 15 de dezembro sobre o prolongamento das sanções à Rússia, relacionadas com a anexação da Crimeia em março de 2014 e o início da guerra no leste do país entre o exército ucraniano e forças separatistas russófonas das regiões de Lugansk e Donetsk.

“Quero sublinhar que isto não é uma forma de colocar a Rússia sob mais pressão, mas é o único instrumento que possuímos para que a Rússia fique motivada para entrar num ciclo de reuniões e respeite os acordos de Minsk”, especificou.

A “República de Lugansk” (LNR) e a “República de Donetsk” (DNR) são duas regiões pró-russas que escapam ao controlo de Kiev desde o início da guerra, em abril de 2014, com um balanço que ultrapassa os 10.000 mortos.

Veja também: Presidente da Ucrânia visita Portugal para reforçar relação bilateral

Kiev e os países ocidentais acusam a Rússia de apoiar militarmente os separatistas, uma alegação desmentida por Moscovo. Os acordos de paz assinados em Minsk em 2015 implicaram diversas tréguas, e terminaram com os combates generalizados. No entanto, o segmento político do acordo nunca foi aplicado, com os beligerantes a atribuírem responsabilidades mútuas pelo impasse.

Neste âmbito, o chefe de Estado ucraniano elogiou os esforços de Marcelo Rebelo de Sousa e do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a formação e envio de uma força das Nações Unidas, definida como um “instrumento efetivo para garantir a paz no território ucraniano”. Uma proposta que apresentou na Assembleia-geral do organismo mundial, mas que ainda não se materializou.

“Por isso, temos de permitir a entrada de uma força de manutenção da paz até à fronteira com a Rússia. A paz foi um tema essencial nas nossas reuniões”, insistiu, no início da sua breve visita a Lisboa, concluída esta noite com jantar oficial oferecido pelo Presidente da República portuguesa.

Petro Porosheko também confirmou em Lisboa a aposta do Executivo ucraniano em prosseguir o caminho da integração europeia e confirmou recentemente a intenção de organizar referendos sobre a entrada do país na UE e na NATO, convencido que os resultados serão favoráveis.

Com o apoio dos parceiros internacionais, 2017 também ficou assinalado na Ucrânia pela entrada em vigor do aguardado Acordo de Associação com a UE, numa confirmação do firme apoio da União às rigorosas reformas desencadeadas por Kiev.

Outro dos objetivos do atual Executivo foi a introdução de um regime de isenção de vistos com a UE, que permitiu o acesso a território comunitário de centenas de milhares de cidadãos ucranianos com passaportes biométricos.

O aprofundamento das relações bilaterais nos domínios militar e de Defesa, os acordos que vão ser assinados nas áreas da cultura, energia ou tecnologia de ponto, ou a contribuição ucraniana para o combate aos incêndios em Portugal foram temas também abordados na sua declaração.

Poroshenko também agradeceu a “decisão estratégica, do parlamento e povo português, muito importante”, relacionada com a decisão de reconhecer “a grande fome na Ucrânia [Holodomor, entre 1932-1933]” como “genocídio do povo ucraniano”.

O apoio à comunidade ucraniana residente em Portugal e a possível construção de uma Casa da Ucrânia foram outros desejos manifestados por Poroshenko, que convidou o seu homólogo português para visitar oficialmente à Ucrânia, e que foi aceite, como confirmou.

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