Portugal quer militares cabo-verdianos na missão da UE

A ministra da Defesa Nacional de Portugal disse hoje ter debatido com a sua homóloga de Cabo Verde a possibilidade de militares cabo-verdianos participarem na força conjunta da União Europeia (UE) em Moçambique.

Portugal quer militares cabo-verdianos na missão da UE

“Discutimos a possibilidade de participação conjunta em missões de paz das Nações Unidas, em maio, em Cabo Verde, na reunião dos ministros da Defesa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa [CPLP], decidimos ser importante consagrar essa célula, fazendo iniciativas de capacitação e formação para estarmos preparados para essa participação”, afirmou Helena Carreiras. “Portugal reafirmou a vontade de ter militares cabo-verdianos na missão da União Europeia em Moçambique”, acrescentou a governante.

A ministra da Defesa Nacional portuguesa falava no final do encontro com a ministra de Estado, da Defesa Nacional e da Coesão Territorial de Cabo Verde, Janine Lélis, no forte de São Julião da Barra, Oeiras, no qual participou também, por videoconferência, o ministro da Defesa do Luxemburgo. A missão de formação da UE em Moçambique vai durar dois anos e apoia o treino de 1.100 militares de 11 unidades de reação rápida das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (comandos preparados no Chimoio e fuzileiros na Katembe, além de controladores aeronáuticos) e é levada a cabo por 119 membros de 12 países da UE.

Portugal assume o comando da missão e é o país com o maior contingente, atualmente de 68 militares dos três ramos das Forças Armadas e GNR. Os custos comuns da ação de formação, cobertos pelo Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, estão avaliados em 15 milhões de euros para o período de dois anos. A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província vizinha de Nampula.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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