Polícia russa faz buscas na sede de campanha do líder da oposição
A polícia russa realizou buscas na sede de campanha do líder da oposição extraparlamentar, impedido de se apresentar às eleições presidenciais
A polícia russa realizou, esta quinta-feira, buscas na sede de campanha do líder da oposição extraparlamentar Alexei Navalny, impedido de se apresentar às eleições presidenciais de março por antecedentes penais, divulgou o próprio opositor.
A sede da campanha de Alexei Navalny, um forte crítico do atual Presidente russo, Vladimir Putin, e do atual primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, está localizada em São Petersburgo (noroeste da Rússia).
“Buscas estão a ser realizadas na nossa sede em São Petersburgo”, anunciou Alexei Navalny, num vídeo transmitido a partir da rede social Twitter.
No vídeo divulgado era possível ver vários elementos da equipa de Navalny a discutirem de forma enérgica com alguns agentes policiais, segundo a agência noticiosa francesa France Presse (AFP).
“Estão a apreender os computadores fixos e os portáteis, tudo aquilo que foi impresso. Eles afirmaram que foram informados que estávamos a distribuir folhetos dissidentes e por essa razão estão a apreender o material”, disse, em declarações à AFP, Denis Mikhailov, um dos elementos da equipa do opositor que estava na sede.
O mesmo elemento divulgou, também através do Twitter, uma fotografia dos folhetos apreendidos pela polícia, nos quais se podia ler a frase “Por Navalny” em cima de um fundo azul e vermelho.
Declarado inelegível para as presidenciais russas de 18 de março, Alexei Navalny tem pedido aos seus apoiantes para prosseguirem com uma campanha a favor de um boicote à votação, na qual Vladimir Putin vai tentar a reeleição.
Nesse sentido, os apoiantes de Navalny convocaram um protesto, a nível nacional, para o próximo dia 28 de janeiro.
A polícia “tem muito medo do boicote e dos protestos de 28 de janeiro”, escreveu no Twitter o “braço direito” do líder da oposição extraparlamentar, Leonid Volkov.
Navalny e os seus partidários organizaram em março e junho do ano passado manifestações em várias cidades russas, protestos que na altura foram marcados por numerosas detenções.
Durante vários meses, o opositor viajou por toda a Rússia para fazer campanha, organizou encontros e abriu delegações da sua campanha em várias províncias, apesar dos entraves colocados pelas autoridades.
Na sequência destas ações, Navalny foi detido três vezes durante 2017.
Ignorado pelos ‘media’ nacionais russos, Alexei Navalny tem uma forte presença nas redes sociais, onde as suas denúncias sobre os casos de corrupção no seio da elite russa são amplamente partilhadas. Por exemplo, um vídeo que partilhou sobre Dmitri Medvedev teve 25 milhões de visualizações na plataforma de partida de vídeos YouTube.
Na terça-feira, o líder da oposição extraparlamentar russa solicitou ao Tribunal Constitucional da Rússia uma alteração dos termos da atual lei eleitoral.
Navalny pediu à alta instância que anule a parte da lei eleitoral que estabelece limitações aos cidadãos que não são abrangidos pelo direito eleitoral passivo, condição que permite a cada pessoa participar como candidato em todos os processos eleitorais.
No passado dia 30 de dezembro, o Supremo Tribunal russo confirmou o veto da Comissão Eleitoral Central (CEC) em relação à candidatura presidencial de Alexei Navalny, justificando o parecer com os antecedentes penais do opositor.
De acordo com a CEC, Alexei Navalny não pode participar nas eleições presidenciais de 18 de março porque foi condenado, em fevereiro de 2017, a uma pena de prisão e tal facto desqualifica-o por um período de 10 anos.
O opositor encontra-se em liberdade condicional, depois de ter sido condenado, com pena suspensa, a cinco anos de prisão por apropriação indevida de fundos.
Na segunda-feira, o ministério da Justiça russo pediu a dissolução da fundação que gere a campanha eleitoral de Alexei Navalny.
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