Polícia moçambicana diz que usou “meios legítimos” durante manifestações

A polícia de Moçambique avançou que usou meios legítimos para a dispersão de massas durante as manifestações pós-eleitorais e que as balas verdadeiras foram usadas apenas em circunstâncias “proporcionais” e “involuntárias” nos protestos.

Polícia moçambicana diz que usou

“Na componente da dispersão ou controle de massas são usados meios legítimos de dispersão. As balas verdadeiras (…) são em circunstâncias involuntárias e, as vezes, até em circunstâncias de proporcionalidade”, disse o porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Leonel Muchina, citado hoje pela comunicação social.

O Moçambique viveu desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

 Segundo o porta-voz da PRM, durante as manifestações foram incendiadas algumas viaturas policiais.

“Nós vimos em muitos cenários objetos e viaturas policiais a serem incendiados a partir de bombas caseiras, chamadas de `cocktail molotov´. Estas são armas e precisam ser repelidas de forma proporcional”, referiu.

Em situações em que não foram usados meios “proporcionais”, Muchina explica que a corporação usou meios “involuntários” para a restituição da ordem pública. 

“Para todas estas questões, houve a necessidade de constituição de equipas de inquérito que foram aprofundar em que circunstâncias esses incidentes ocorreram, para efetivamente encontrar-se melhoria na atuação dos nossos agentes”, disse.

A Amnistia Internacional acusou, na terça-feira, as forças de segurança moçambicanas de exercerem violência contra manifestantes pacíficos e transeuntes, no período pós-eleitoral do ano passado, considerando que se tratou de uma reação “desproporcionada e vergonhosa”.

No relatório “Protestos sob ataque: Violações dos direitos humanos durante a vaga de repressão após as eleições de 2024”, a Amnistia Internacional (AI) mostra como as forças policiais “dispararam armas letais, gás lacrimogéneo e balas de borracha contra manifestantes pacíficos e transeuntes, nomeadamente crianças”. 

Sobre o relatório, o porta-voz do comando-geral da PRM reiterou que os incidentes relatados pela AI, envolvendo a corporação, ocorreram em circunstâncias involuntárias.

“A polícia não tem interesse em atentar contra os seus cidadãos, ademais, é o nosso dever garantir a proteção de todos os cidadãos moçambicanos”, acrescentou.

De acordo com a Amnistia Internacional, as autoridades procederam ainda “a prisões arbitrárias em massa e visaram jornalistas, nomeadamente intimidando-os e confiscando o seu equipamento, enquanto restringiam também o acesso à internet em momentos-chave”

Desde 21 outubro, o início destes protestos, pelo menos 388 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide, uma organização não-governamental moçambicana que acompanha os processos eleitorais.

No entanto, o Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Em 23 de março, o opositor Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

 

LYCE (NYC) // VM

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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