Polícia expulsa seis deputados da oposição do parlamento de São Tomé e Príncipe
Seis deputados da oposição foram hoje expulsos pela polícia da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, na sequência de uma ordem do presidente deste órgão, durante uma sessão que já teve três interrupções esta manhã.
Seis deputados da oposição foram hoje expulsos pela polícia da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, na sequência de uma ordem do presidente deste órgão, durante uma sessão que já teve três interrupções esta manhã.
A sessão parlamentar de hoje pretendia retomar os trabalhos interrompidos na quinta-feira destinados a eleger os juízes do Tribunal Constitucional autónomo, cuja aprovação e promulgação foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal de Justiça, que acumulava também as funções de Tribunal Constitucional.
No entanto, a reunião ficou marcada desde cedo por clivagens entre o poder e oposição, que terminaram com uma ação da polícia de intervenção rápida, a pedido do presidente da Assembleia Nacional, José da Graça Diogo, para expulsar seis deputados do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrática (MLSTP-PSD, maior partido da oposição), entre os quais o líder da bancada, Jorge Amado.
A polícia acabou por ordenar a saída de todos os deputados da sala do plenário e deu também instruções aos jornalistas para abandonarem a sala e aos funcionários parlamentares para permanecerem nos seus gabinetes.
No edifício encontravam-se, cerca das 12:30 locais (menos uma hora em Lisboa), perto de 50 agentes de segurança, muitos dos quais à paisana, além de cerca de uma dezena de elementos da força de intervenção rápida.
No exterior do recinto da Assembleia Nacional, cerca de duas mil pessoas manifestam-se, umas a apoiar o partido no poder (Ação Democrática Independente, ADI), outras contra, mas os protestos decorrem de forma pacífica.
No sábado, o presidente da Assembleia Nacional fez um despacho impondo várias “medidas de segurança”, entre as quais obrigar os deputados a serem revistados, proibir a entrada de viaturas dos deputados nas instalações do Palácio dos Congressos onde funciona a sede do parlamento e impor, pela primeira vez, o uso de crachás a jornalistas que pretendem fazer a cobertura da sessão parlamentar.
O MLSTP-PSD, maior partido da oposição, “repudia com veemência” a decisão do presidente do parlamento.
Deputados da oposição são-tomense boicotaram na quinta-feira passada a nomeação de novos juízes para o Tribunal Constitucional (TC), em protesto contra a presença policial no parlamento, pedida pelo Governo devido aos ânimos exaltados.
No período antes da ordem do dia, os ânimos exaltaram-se devido à troca de acusações entre os deputados da oposição, que acusaram o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, de ser “um ditador” e de querer “transformar São Tomé e Príncipe no seu feudo”.
Por seu lado, o chefe do Governo havia acusado a oposição de querer “criar instabilidade e conflito no país” ao ter convocado a manifestação de protesto contra o executivo, na terça-feira.
A oposição, que conseguiu reunir cerca de três mil pessoas na manifestação, contestou o que classifica de “excessos de autoritarismo, abuso de poder e frequentes violações da Constituição da República”, numa referência à recente decisão do chefe de Estado de promulgar a lei orgânica que cria o Tribunal Constitucional, quando o diploma se encontra no Supremo Tribunal para fiscalização de constitucionalidade.
Com uma posição mais radical, o líder da bancada do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe — Partido Social-Democrata (MLSTP — PSD), Jorge Amado, acusou o Governo de ter “mandado sitiar” o parlamento com a presença da polícia, e referiu: “Estou disposto a morrer hoje, mas esse tribunal não será constituído”.
Por seu lado, Delfim Neves, da bancada do Partido da Convergência Democrática (PCD), acusou o primeiro-ministro de “falta de respeito” para com o presidente do Supremo Tribunal e com a Constituição e de “mandar e desmandar” no Presidente da República.
Fora do Palácio dos Congressos, na capital são-tomense, onde decorria a sessão parlamentar, um grupo de cerca de três dezenas de pessoas protestava contra a criação do tribunal.
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