PM britânico anuncia medidas para reduzir imigração perante popularidade dos populistas
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu hoje “retomar finalmente o controlo das fronteiras do Reino Unido” ao anunciar um plano para reduzir a imigração, numa altura em que o Reino Unido assiste ao aumento da direita populista.

“Todas as áreas do sistema de imigração, incluindo os vistos de trabalho, os vistos de reagrupamento familiar e os vistos de estudo serão reforçadas para que possamos controlá-las melhor”, afirmou, numa conferência de imprensa.
Starmer criticou o atual sistema de imigração “que parece quase concebido para permitir abusos, que encoraja algumas empresas a trazer trabalhadores com salários mais baixos em vez de investir nos nossos jovens”.
O discurso de Starmer foi feito para coincidir com a publicação de um Livro Branco sobre a Imigração com medidas para reduzir a imigração e “acabar com a dependência da mão de obra estrangeira”.
O Governo anunciou novas regras, nomeadamente a necessidade de os trabalhadores terem licenciaturas e salários mais elevados para obter um visto de forma a evitar o recrutamento de mão-de-obra estrangeira não qualificada.
Outra medida anunciada foi o aumento do requisito para obter estatuto de residência permanente de cinco anos para dez anos, a não ser que demonstrem “uma contribuição efetiva e duradoura para a economia e a sociedade” e melhores conhecimentos da língua inglesa.
Porém, certas profissões serão privilegiadas pelo Governo britânico para conceder vistos de residência e trabalho, como enfermeiros, médicos, engenheiros e especialistas em Inteligência Artificial.
Segundo o Governo, “os serviços públicos estão sobrecarregados, os custos da habitação dispararam e os empregadores trocaram o investimento na formação por mão de obra estrangeira barata”.
“Em setores como a engenharia, os estágios diminuíram quase para metade, enquanto os vistos de trabalho duplicaram”, salientou, num comunicado.
O Executivo britânico pretende também apertar as regras e estender as deportações para criminosos com penas inferiores a 12 meses de prisão, nomeadamente autores assaltos ou roubo, crimes sexuais ou violência doméstica.
O plano anunciado hoje é visto como uma tentativa de contrariar a popularidade do Partido Reformista, de direita populista e anti-imigração, o qual ganhou as eleições autárquicas de 01 de maio, refletindo a frustração dos eleitores com este tema.
A imigração tem sido uma questão importante no Reino Unido desde 2004, quando a União Europeia (UE) se alargou à Europa de Leste.
Enquanto a maioria dos países da UE restringiu a imigração dos novos estados-membros por vários anos, o Reino Unido abriu imediatamente o seu mercado de trabalho, atraindo centenas de milhares de imigrantes daqueles países.
Em 2010, o então primeiro-ministro, David Cameron, comprometeu-se a reduzir o saldo migratório anual para menos de 100.000, um objetivo que quatro governos conservadores não conseguiram cumprir.
Segundo o instituto de estatísticas Office for National Statistics, o saldo migratório anual foi de 728 mil pessoas nos 12 meses até junho de 2024, ou seja, continuam a chegar mais pessoas do que aquelas que deixam de residir no país.
O voto para a saída do Reino Unido da UE num referendoem 2016 foi visto como um sinal de indignação dos britânicos com a incapacidade do Governo e controlar a imigração.
Porém, o ‘Brexit’ não reduziu o número de imigrantes com vistos de trabalho, de estudante e de reagrupamento familiar, apenas diminuiu o número de europeus por imigrantes de outras nacionalidades.
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By Impala News / Lusa
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