Petrolífera indiana diz que megaprojeto de gás em Moçambique vai custar mais 3.670 ME

A petrolífera estatal indiana Bharat Petroleum Corporation (BPCL), que detém 10% no megaprojeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Cabo Delgado, Moçambique, prevê um aumento de até 3.670 milhões de euros na sua implementação, suspensa desde 2021.

Petrolífera indiana diz que megaprojeto de gás em Moçambique vai custar mais 3.670 ME

A informação prestada sábado pela petrolífera, uma das três empresas indianas (ainda a ONGC VIdeshis e Oil Índia) que integram (as três com 30% no total) o consórcio da Área 1, liderado pela petrolífera francesa TotalEnergies, estima custos acrescidos para este projeto de 3.500 a 4.000 milhões de dólares (3.210 a 3.670 milhões de euros), admitindo que poderá ser retomado ainda este ano.

Citada hoje pela imprensa indiana, a administração da BPCL, que controla esta participação através da sua subsidiária BPRL Ventures Moçambique, sediada nos Países Baixos, justifica que o aumento dos custos com o megaprojeto de gás natural no norte de Moçambique – parado desde 2021 após ataques terroristas, através da cláusula de “força maior” – poderão elevar o investimento total para 19,5 a 20 mil milhões de dólares (17,9 a 18,3 mil milhões de euros), que se encontra em fase de refinanciamento.

“Esperamos que talvez dentro de mais um trimestre algumas coisas boas possam acontecer. A cobrança do contrato do fornecedor existente está a acontecer. As discussões sobre financiamento de projetos estão acontecendo com os credores. Talvez teremos que esperar mais um trimestre para ver quando a situação de ‘força maior’ passa”, acrescentou a administração.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.

A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural, suspenso desde 2021 devido aos ataques terroristas.

O presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, reconheceu em maio “progressos positivos” para a retoma deste projeto, mas sem se comprometer com prazos.

“Estamos a trabalhar nisso, e é melhor trabalhar assim, é gradual”, disse Patrick Pouyanné, questionado pelos jornalistas, no Ruanda, após uma reunião com o Presidente Moçambicano, Filipe Nyusi, em que foi analisado o estado do projeto da TotalEnergies e a segurança em Cabo Delgado, tendo em conta os ataques de insurgentes que continuam a verificar-se.

“Discutimos as condições para retomar o projeto em Cabo Delgado. Acredito que temos progressos positivos com todos os empreiteiros e desse ponto de vista estamos prontos para retomar. Também estamos a trabalhar com todas os financiadores, para retomar o financiamento do projeto, e está a progredir bem”, acrescentou.

Patrick Pouyanné disse que discutiu com Filipe Nyusi a “situação de segurança” e “os progressos que têm sido alcançados, em particular no norte de Cabo Delgado”, garantindo que a petrolífera francesa está a “trabalhar em Palma”, embora sem esclarecer se a retoma definitiva do projeto poderá acontecer ainda este ano.

“Não deve ser assim. Deve ser passo a passo e quando todas as coisas estiverem reunidas, vamos comunicar”, disse.

O Presidente de Moçambique disse em 02 de maio, em Maputo, ser fundamental a retoma dos megaprojetos de gás natural face à “promissora estabilidade” em Cabo Delgado, palco de ataques terroristas, afirmando que as decisões financeiras não podem ser argumento nesta fase.

“É fundamental isso porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista. Esse projeto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras”, criticou Filipe Nyusi.

 

PVJ // MSF

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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