Pequim acusa favorito a vencer eleições em Taiwan de ser um “perigo sério”

A China apelou aos residentes de Taiwan para que façam a “escolha certa” nas eleições presidenciais de sábado e disse que o candidato que lidera as sondagens, William Lai Ching–te, constitui um “perigo sério”, devido às suas posições pró-independência

Pequim acusa favorito a vencer eleições em Taiwan de ser um

O vice-presidente cessante, William Lai Ching–te, do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), é o favorito a vencer as eleições, que vão ser seguidas de perto por Pequim, que reivindica Taiwan como sua província, e por Washington, o principal apoiante e fornecedor de armas do território.

O resultado da eleição é crucial para o futuro das relações entre China e Estados Unidos. Na quarta-feira, Washington indicou que vai enviar uma “delegação informal” a Taiwan após a votação.

“Se chegar ao poder, [William Lai] vai continuar a promover atividades separatistas”, o que é um “caminho prejudicial”, afirmou um porta-voz do gabinete chinês responsável pelas relações com a ilha, Chen Binhua.

Ele disse esperar que o povo de Taiwan faça a “escolha certa” e considerou que Lai representa um “perigo sério” para as relações entre China e Taiwan.

As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do DPP, assumiu o poder, em 2016. Tsai enfatizou uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusou-se a reconhecer o consenso alcançado em 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio ‘Uma só China’.

O Governo chinês interrompeu os contactos oficiais com Taipé e passou a enviar navios e aviões militares para áreas ao redor da ilha.

O continente chinês lançou também uma campanha para isolar o território internacionalmente: sete países cortaram desde então os laços com Taipé e passaram a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

Pequim diz ser a favor da reunificação “pacífica” com a ilha, cujos 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático, mas não descarta o uso da força se necessário.

O estatuto de Taiwan é um dos assuntos mais sensíveis na rivalidade entre a China e os Estados Unidos.

Os EUA planeiam enviar “uma delegação informal” a Taiwan após as eleições, disse um alto funcionário norte-americano na quarta-feira.

“Seria provocador Pequim responder [ao resultado eleitoral] com mais pressão militar ou ações coercivas”, alertou o responsável, que pediu anonimato.

Esta semana, quatro balões chineses cruzaram a linha mediana que separa a ilha da China, segundo o ministério da Defesa de Taiwan, enquanto dez aviões e quatro navios de guerra foram detetados perto do território.

“Os Estados Unidos não tomam partido nas eleições, não têm um candidato preferido. Independentemente do resultado das eleições, a nossa política em relação a Taiwan permanecerá a mesma e a nossa forte relação informal continuará”, disse o responsável norte-americano.

No início desta semana, altos responsáveis militares chineses disseram aos seus homólogos norte-americanos que a China “nunca fará concessões” em relação a Taiwan e instaram os Estados Unidos a “pararem de fornecer armamento” à ilha durante discussões militares organizadas em Washington.

William Lai denunciou mais uma vez na terça-feira as tentativas de Pequim de interferir “por todos os meios”, incluindo “intimidação política e militar”.

O seu principal adversário, Hou Yu-ih, do Kuomintang (Partido Nacionalista) — que tradicionalmente defende a aproximação à China — prometeu hoje não “vender” a ilha à China e manter uma relação forte com os Estados Unidos, o seu “fiel aliado”.

Perante a imprensa estrangeira, ele rejeitou as acusações do DPP de ser um candidato “pró–China que quer vender Taiwan”.

“Taiwan é um país democrático e livre”, disse. “Independentemente do que a China pensa, o que a opinião pública em Taiwan quer que façamos é manter o ‘status quo'”, acrescentou Hou

A questão da “reunificação” não estará na ordem do dia se for eleito, prometeu também.

 

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By Impala News / Lusa

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