Pelo menos 17 mortos e 367 feridos nos combate em Goma, na RDCongo

Pelo menos 17 pessoas morreram e 367 ficaram feridas hoje em Goma, na República Democrática do Congo (RDCongo), devido aos confrontos com o grupo armado Movimento 23 de Março (M23), alegadamente apoiado pelo Ruanda, segundo relatórios hospitalares.

Pelo menos 17 mortos e 367 feridos nos combate em Goma, na RDCongo

No centro da cidade, capital de Kivu do Norte, detonações de artilharia e intensas rajadas de fogo de armas ligeiras ecoaram durante grande parte do dia, segundo os jornalistas da agência France-Presse (AFP).

É difícil determinar quais foram as zonas da cidade que caíram nas mãos do M23 e dos soldados ruandeses e quais as que continuam a ser controladas por Kinshasa. 

No início da tarde de hoje, um porta-voz do exército ruandês anunciou que cinco civis tinham sido mortos e 25 tinham sido gravemente feridos numa localidade ruandesa na fronteira com Goma, sem dar mais pormenores sobre as circunstâncias.

A entrada do M23 em Goma, que tem um milhão de habitantes e outros tantos deslocados, marca o fim de várias semanas de avanços dos combatentes do M23 e dos soldados ruandeses contra um exército congolês que parece estar a ser dominado.

O M23 – constituído em 04 de abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de março de 2009, que dá nome ao movimento, e pela perda de poder do então líder, Bosco Ntaganda – voltou a pegar em armas no final de 2021, depois de uma década adormecido.

“Goma está prestes a cair”, lamentou esta manhã em Bruxelas o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, condenando veementemente a ofensiva militar.

Todavia, o M23 declarou hoje de manhã ter capturado a cidade de Goma e pediu, num comunicado, que os residentes mantivessem a calma.

A captura da cidade ocorreu após um período de 48 horas imposto pelo M23 para que o exército da RDCongo depusesse as armas.

Algumas unidades do exército tinham começado a render-se, entregando as armas às forças de manutenção da paz da ONU em Goma, disse o exército do Uruguai, em comunicado.

A Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), que inclui soldados uruguaios, esteve envolvida na luta contra o M23 ao lado do exército congolês.

O Governo da RDCongo não fez até ao momento qualquer comentário sobre a alegada captura de Goma pelos rebeldes.

Na quarta-feira vai realizar-se uma cimeira extraordinária da Comunidade dos Estados da África Oriental sobre esta situação, com participação dos Presidentes da RDCongo e do Ruanda, anunciou hoje a Presidência queniana.

Também hoje uma fonte do Eliseu disse que o Presidente francês, Emmanuel Macron, está a intensificar contactos para “permitir um desanuviamento” na região.

Macron está a “fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar uma nova escalada e, acima de tudo, para permitir um desanuviamento (…) para ver o que pode ser feito para sair da situação atual”, afirmou um conselheiro da Presidência francesa.

Uma mediação entre a RDCongo e o Ruanda sob a égide do Presidente angolano, João Lourenço, mandatado pela União Africana, falhou em dezembro devido à falta de consenso sobre as condições de um acordo.

O conflito entre o M23, apoiado por três mil a quatro mil soldados do Ruanda, segundo a ONU, e o exército congolês dura há mais de três anos.

Soldados ruandeses e combatentes do M23 já tinham entrado na cidade de Goma no domingo, de acordo com várias fontes da ONU e das forças de segurança.

A RDCongo acusa o Ruanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do país, algo que Kigali nega.

A diplomacia congolesa pediu no domingo ao Conselho de Segurança da ONU para impor sanções políticas e económicas contra o Ruanda.

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados disse que o agravar dos combates deslocou 400 mil pessoas nas últimas três semanas, juntando-se aos mais de quatro milhões de deslocados que já se encontram em “condições deploráveis” no leste do país.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no domingo ao Ruanda para se retirar de território congolês e retirar o apoio ao M23.

 

NYC (EL) // MLL

By Impala News / Lusa

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