Países da UE criticam carta dos EUA a empresas contra programas anti-discriminação

Os governos de países da União Europeia onde algumas empresas receberam cartas de embaixadas dos Estados Unidos, avisando-as de que poderão deixar de ser fornecedores norte-americanos se tiverem programas internos anti-discriminação, criticaram hoje a iniciativa.

Países da UE criticam carta dos EUA a empresas contra programas anti-discriminação

A carta enviada pelas embaixadas dos Estados Unidos em Paris, Copenhaga e Bruxelas pergunta às empresas se têm programas internos anti-discriminação em vigor e avisa-as que, se tiverem, isso poderá impedi-las de trabalhar com o governo norte-americano.

O ministro da Indústria da Dinamarca reagiu hoje à iniciativa norte-americana pedindo uma resposta europeia coordenada.

“Uma resposta deve ser naturalmente discutida com os nossos homólogos europeus”, disse Morten Bødskov à AFP, denunciando “uma nova tentativa de barreira comercial americana”.

“As empresas dinamarquesas e europeias têm uma grande responsabilidade na diversidade”, insistiu.

“Na UE, por exemplo, adotamos legislação para promover a diversidade dentro das empresas e reforçar a responsabilidade das empresas em relação à sociedade de que fazem parte”, adiantou o ministro.

Søren Friis Larsen, responsável da Câmara de Comércio dinamarquesa nos Estados Unidos, considerou o envio da carta “um esforço político interno para apaziguar a sua base (do Presidente norte-americano), que não deveria ter qualquer repercussão real no mundo”.

Não foram divulgados na Dinamarca números sobre o número de empresas afetadas nem informações sobre as suas identidades.

O envio da carta é uma consequência direta da ordem executiva 14173, emitida pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, após o seu regresso à Casa Branca, extinguindo programas que promovem a igualdade de oportunidades dentro do governo federal.

Em reação à carta, o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot, indicou hoje que o país não recuará “um milímetro” no princípio da diversidade na sociedade, considerando a atitude norte-americana “profundamente lamentável”.

“A Bélgica expressou as suas preocupações de forma inequívoca” à Embaixada dos EUA em Bruxelas, adiantou.

O ministro do Comércio Externo francês, Laurent Saint-Martin, disse na segunda-feira estar “profundamente chocado” com a carta enviada pela embaixada norte-americana às empresas francesas e pediu “nenhuma transigência” em relação à lei e aos “valores franceses”.

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By Impala News / Lusa

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