Opositor russo Kara-Murza mudado de prisão e colocado em solitária

O opositor russo Vladimir Kara-Murza, a cumprir uma pena de 25 anos por traição, foi transferido de prisão e colocado novamente em solitária durante quatro meses por uma alegada infração menor, disseram os seus advogados.

Opositor russo Kara-Murza mudado de prisão e colocado em solitária

Numa carta divulgada nas redes sociais, Kara-Murza informou que os funcionários da prisão o acusaram na sexta-feira de ter desobedecido a uma ordem que, segundo ele, nem sequer lhe foi dada.

“Agora, estou na IK-7 [colónia penal], também em Omsk”, na Sibéria,, disse o político na carta, citada pela agência norte-americana AP.

“É uma colónia de regime especial, com uma unidade especial de alojamento restrito para ‘infratores reincidentes’ como eu. Estou na solitária, como é óbvio”, contou.

Acrescentou que estava bem, que tinha comida suficiente e que estava quente nas instalações.

Kara-Murza, 42 anos, sobreviveu por duas vezes a envenenamentos que atribuiu às autoridades russas.

O político rejeitou as acusações que lhe são imputadas como um castigo por ter enfrentado o Presidente Vladimir Putin e comparou o processo aos julgamentos de fachada do ditador soviético Josef Stalin.

De acordo com a mulher, Evgenia Kara-Murza, passou os últimos quatro meses em regime de isolamento, uma prática que se tornou comum para os críticos do Kremlin (Presidência russa) que estão presos.

A medida tem sido amplamente considerada como destinada a exercer uma pressão adicional sobre os presos políticos.

Kara-Murza foi detido em 2022, e posteriormente condenado a 25 anos de prisão por acusações decorrentes de um discurso proferido nesse ano no Arizona, nos Estados Unidos, a denunciar a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Após o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, intensificaram-se as ações do Kremlin para neutralizar a oposição e sufocar as críticas.

O regime endureceu a repressão dos opositores e dos que contestam a guerra contra a Ucrânia, que Moscovo designa oficialmente como uma “operação militar especial”.

A repressão levou ao encerramento de órgãos de comunicação social considerados hostis pelo Kremlin e à fuga de muitos críticos e ativistas para o estrangeiro.

Outros, como Alexei Navalny e Vladimir Kara-Murza, cumprem pesadas penas de prisão na Rússia.

De acordo com a organização não-governamental OVD-Info, que documenta a repressão política na Rússia, 19.854 pessoas foram detidas no país desde a invasão da Ucrânia, de que resultaram 874 processos-crime.

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By Impala News / Lusa

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