ONG pedem libertação de ativista que apoia venezuelanos detidos em El Salvador
Mais de 50 organizações não governamentais (ONG) exigiram a libertação da líder do grupo de defesa dos direitos humanos Cristosal, que apoia as famílias dos venezuelanos deportados dos EUA e detidos em El Salvador

A Cristosal anunciou na segunda-feira a detenção da advogada Ruth Eleonora López, acusada pelo Ministério Público salvadorenho de ter cometido um crime de peculato há 10 anos, quando trabalhava para o tribunal eleitoral.
A rede Alianza Américas, com sede nos Estados Unidos, que reúne 50 organizações lideradas por migrantes da América Latina, condenou a detenção, descrevendo-a como parte de “um padrão de perseguição a vozes críticas” no país centro-americano.
“Conhecemos profundamente e valorizamos o trabalho de Cristosal. Expressamos a nossa profunda preocupação e denunciamos este incidente como parte de um padrão preocupante de criminalização contra vozes críticas e independentes”, refere o grupo num comunicado.
A Human Rights Watch e a Amnistia Internacional juntaram-se à onda de apelos, recordando que López esteve “envolvida em vários casos anticorrupção”, incluindo alguns que implicam o executivo do Presidente Nayib Bukele.
Organizações da sociedade civil de El Salvador exigiram a libertação da advogada, manifestaram a “profunda condenação” e instaram as autoridades a “garantir o direito de López ao devido processo legal e à integridade física e psicológica”.
A Fundação para os Estudos para a Aplicação do Direito descreveu López como “uma profissional empenhada na defesa da transparência e dos direitos humanos”.
A mãe de López, Eleonora Alfaro, culpou na segunda-feira o Presidente Nayib Bukele pela detenção.
“Exijo a liberdade de Ruth e exijo-o a Nayib Bukele, porque ele é o responsável por isso”, disse Alfaro, em conferência de imprensa.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou “profunda preocupação com os relatos de desaparecimento forçado” de López, cujo “paradeiro permanece desconhecido”.
A democrata Jeanne Shaheen, membro da Comissão de Negócios Estrangeiro do Senado, a câmara alta do parlamento dos EUA, também manifestou preocupação com a detenção de López.
A conhecida ativista é uma crítica das políticas de segurança de Bukele e lidera a unidade de justiça e combate à corrupção do Cristosal.
A detenção da ativista aconteceu depois de advogados terem alegado que os 252 migrantes venezuelanos estão a ser vítimas de atos de “tortura física e psicológica” numa prisão de alta segurança salvadorenha.
O Cristosal ajuda, desde 2022, famílias de pessoas injustamente acusadas de pertencer a gangues e vítimas da campanha contra grupos criminosos de Bukele.
O grupo apoia, neste âmbito, as famílias dos migrantes venezuelanos que estão detidos há dois meses no Centro de Contenção do Terrorismo sob a acusação de pertencerem ao gangue ‘Tren de Aragua’, classificado como terrorista por Washington.
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By Impala News / Lusa
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