Novo Governo da Síria discutiu com delegação russa justiça para vítimas de Assad
O novo Governo da Síria disse que discutiu com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Bogdanov “mecanismos de transição judicial” destinados a fazer “justiça às vítimas da guerra brutal travada pelo regime” do presidente deposto Bashar al-Assad
Damasco, 29 jan 2025 (Lusa) — O novo Governo da Síria disse hoje que discutiu com uma delegação russa que visitou Damasco “mecanismos de transição judicial” destinados a fazer “justiça às vítimas da guerra brutal travada pelo regime de Assad”.
Em 08 de dezembro, após uma ofensiva de 11 dias, uma coligação rebelde dominada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou o governo de Bashar al-Assad, que se refugiou com a família na Rússia.
“O restabelecimento das relações deve ter em conta os erros do passado, respeitar a vontade do povo sírio e servir os seus interesses”, alertou na terça-feira, em comunicado, a nova administração.
As discussões “centraram-se em questões-chave, incluindo o respeito pela soberania e integridade territorial da Síria”, disse o Governo sírio.
“A Rússia afirmou o seu apoio às mudanças positivas em curso na Síria. O diálogo destacou o papel da Rússia na restauração da confiança com o povo sírio através de medidas concretas, como reparações, reconstrução e recuperação”, acrescentou.
Esta é a primeira visita de uma delegação da Rússia à Síria desde a queda de al-Assad, que era apoiado por Moscovo.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Bogdanov disse que foi recebido durante três horas pelo novo líder sírio, Ahmad al-Sharaa, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Assaad Al-Chibani.
“A reunião correu bem no geral” e a Rússia está “pronta para contribuir para a estabilização da situação”, disse Bogdanov, citado pelas agências de notícias russas Ria Novosti e TASS.
O diplomata estava acompanhado pelo enviado especial do Presidente russo para a Síria, Alexander Lavrentiev.
A queda de Assad foi um duro golpe para Moscovo, que, juntamente com o Irão, era o principal aliado do antigo presidente sírio e intervinha militarmente na Síria desde 2015.
Em causa, está o destino da base naval de Tartus e do aeródromo militar de Hmeimim, infraestruturas fundamentais para a Rússia manter a influência no Médio Oriente, na bacia do Mediterrâneo e até em África.
Bogdanov disse esperar que “os interesses [russos] não sejam afectados” e que a situação nas bases russas “não mude”.
Esta questão exigirá negociações adicionais”, admitiu.
No início do mês, o jornal Al Watan noticiou que um contrato com uma empresa russa para modernizar o porto comercial de Tartus tinha sido cancelado.
O novo líder sírio, Ahmad al-Sharaa, adotou um tom conciliador no final de dezembro, saudando os “profundos interesses estratégicos” entre a Síria e a Rússia e manifestando o desejo de restabelecer as relações com Moscovo.
“A Rússia é um país importante. Há interesses estratégicos profundos entre a Rússia e a Síria”, afirmou numa entrevista ao canal Al-Arabiya.
Em dezembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscovo tinha conseguido impedir que a Síria se tornasse “um enclave terrorista”.
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By Impala News / Lusa
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