Netanyahu rejeita “catástrofe humanitária” em Rafah

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou hoje que Israel evitou a “catástrofe humanitária” temida internacionalmente em Rafah, onde estão 1,4 milhões de pessoas e há uma semana decorre uma operação militar israelita.

Netanyahu rejeita

“De momento, cerca de meio milhão de pessoas foram retiradas da zona de combate de Rafah. A catástrofe humanitária de que temos estado a falar não aconteceu e não acontecerá”, afirmou o chefe de Governo, citado em comunicado.

As forças israelitas estão a “combater em toda a Faixa de Gaza”, incluindo Rafah, “enquanto retiram a população civil e cumprem as suas obrigações para satisfazer as necessidades humanitárias”, acrescentou.

No passado dia 07, o exército israelita iniciou uma série de operações militares terrestres a partir do leste da cidade de Rafah, precedidas e apoiadas por bombardeamentos aéreos, avançando para zonas urbanas e aproximando-se do centro da cidade.

Antes destas operações, o exército instou os habitantes das zonas visadas a sair através de folhetos e mensagens enviadas para os telemóveis. Mas, segundo a população, os bombardeamentos ocorrem de forma muito rápida, obrigando as pessoas a fugir em pânico.

Eliminar os islamitas palestinianos do Hamas é um passo necessário para garantir que no “dia seguinte” (à guerra) ninguém em Gaza nos ameaçará”, insistiu Netanyahu no comunicado de imprensa divulgado hoje.

Quanto ao futuro do território palestiniano, considerou que “enquanto não for claro que o Hamas já não controla Gaza militarmente, nenhuma entidade quererá assumir a gestão civil de Gaza por medo”, pelo que as “discussões sobre o “dia seguinte”, enquanto o Hamas estiver no poder, são apenas palavras, e palavras vazias”.

Na terça-feira, as Nações Unidas calcularam que “cerca de 450.000” pessoas tinham sido deslocadas da zona oriental de Rafah desde as primeiras mensagens enviadas a 06 de maio, denunciado que “não há lugar seguro na Gaza devastada pela guerra”.

A operação terrestre em Rafah, anunciada há meses por Israel, suscitou uma forte oposição da diplomacia internacional, que receia uma carnificina entre os civis.

A União Europeia instou hoje Israel a “cessar imediatamente” a sua operação militar no local, sob pena de “deteriorar” as suas relações, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se “chocado com a intensificação das atividades militares” de Israel “em Rafah e arredores”.

Cerca de uma semana depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter ameaçado limitar a ajuda militar dos EUA a Israel, caso avançasse uma operação terrestre em Rafah, a Presidência dos EUA informou terça-feira o Congresso que ia entregar armas a Israel no valor de cerca de mil milhões de dólares, segundo a agência France Presse.

O atual conflito em Gaza foi desencadeado depois de um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel em outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva que já provocou mais de 35.000 mortos e 79 mil feridos, segundo o Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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By Impala News / Lusa

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