Moçambique/Ataques: Missão da África austral começa a entregar material antes da saída

A missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) que combate o terrorismo em Cabo Delgado, já começou a entregar material às Forças Armadas moçambicanas, no âmbito do plano de retirada até 15 de julho, segundo aquela força.

Moçambique/Ataques: Missão da África austral começa a entregar material antes da saída

Numa nota a que a Lusa teve hoje acesso, a SAMIM explica que o processo de entrega desse material doado pela União Europeia, incluindo viaturas, barcos e contentores refrigerados, arrancou em 18 de abril, na presença do brigadeiro Tarcísio Ernesto Paumbele, representante das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que agradeceu a colaboração da missão da SAMIM no terreno e o material fornecido pelos países europeus.

Destacou que o material que agora começa a ser entregue às FADM “será útil” para os militares moçambicanos, “em particular para as subunidades destacadas no Teatro Operacional Norte”.

Segundo a SAMIM, o plano de retirada dos militares daquela força será concluído até 15 de julho.

A SAMIM, que compreende militares de oito países da África austral, está em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em agosto de 2023, a SADC aprovou a sua prorrogação por mais 12 meses, até julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva.

Apesar deste plano de saída, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, estendeu até 31 de dezembro deste ano a operação das Forças Armadas da África do Sul (SANDF), com 1.495 militares, no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, norte de Moçambique, que até agora estava integrados na SAMIM.

Numa carta dirigida ao parlamento sul-africano, a que a Lusa teve acesso, o chefe de Estado refere que a extensão daquela missão, ao abrigo da denominada “operação Vikela”, vai custar 984.368.057 rands (47,8 milhões de euros), sendo válida desde 16 de abril.

“Os elementos da SANDF destacados vão continuar com a suas responsabilidades no combate a atos de terrorismo e violência extremista no norte de Moçambique”, lê-se na carta, com data de 15 de abril.

Ramaphosa explica que esta extensão visa cumprir as “obrigações internacionais” da África do Sul perante a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) no combate ao terrorismo na região.

Um grupo de militares das (SANDF) na missão da SAMIM, denominada Equipa Delta, começou a sair de Moçambique no dia 13 de abril, no processo de retirada que arrancou no início do mês, com os militares do Botsuana, no âmbito da saída daquela missão internacional até julho, seguindo-se nos últimos dias um grupo do Lesoto.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou em 18 de abril que devem ser os moçambicanos os responsáveis pela defesa do país, face à saída, em curso, da SAMIM.

“O grande responsável pela defesa de Moçambique somos nós, os moçambicanos. Os nossos amigos vão nos ajudar. Eu tenho dito que agora estamos numa fase de capacitação, de construção de resistência, estabilização do país depois da recuperação dos problemas”, explicou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, no fim de uma visita a Washington, sobre a situação em Cabo Delgado, província palco de ataques de terroristas nos últimos seis anos.

Questionado sobre a saída em curso da missão, e com a possibilidade do reforço do contingente militar do Ruanda – que atua fora da SAMIM na província -, Nyusi não quis avançar detalhes: “Não vamos expor como é que nós vamos trabalhar lá”.

O Governo moçambicano assumiu em 26 de março que a condição atual da guerra contra rebeldes na província de Cabo Delgado justifica a saída da missão militar.

“A situação em que nós nos encontramos agora é muito diferente daquela em que nós estávamos quando esta força veio a Moçambique. A situação atual já justifica que se acione a sua retirada”, declarou o porta-voz do Governo moçambicano, momentos após uma reunião do Conselho de Ministros, em Maputo.

Filimão Suaze acrescentou que a retirada da tropa da SADC esteve sempre na mesa e nada impede o Governo de voltar a solicitar a missão, caso julgue necessário.

PVJ // PSC

By Impala News / Lusa

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