Ministro da Economia francês anuncia 1,7 mil milhões de euros para Defesa
O ministro da Economia francês, Eric Lombard, anunciou hoje que os investidores públicos franceses vão disponibilizar 1,7 mil milhões de euros para reforçar os capitais próprios do setor da defesa, num contexto de rearmamento da União Europeia.

“Os investidores públicos investirão 1,7 mil milhões de euros em capitais próprios que, graças aos co-investimentos com investidores privados, nos permitirão investir até cinco mil milhões de euros em capitais próprios adicionais para apoiar o setor”, afirmou o ministro numa reunião em Paris com investidores e fabricantes da indústria de defesa para intensificar o esforço de defesa nacional.
Eric Lombard garantiu que é “um investimento responsável” que protegerá a soberania do país face à posição dos Estados Unidos relativamente à Ucrânia e à Rússia, apelando a que os investidores privados ultrapassem a “timidez” neste domínio, ao mesmo tempo em que revelou que entre os investidores estão as instituições financeiras Caisse des Dépôts e a BpiFrance.
“Algumas pessoas pensam que financiar a nossa defesa não seria coerente com uma política ambiental, social e de governação ambiciosa. Este ponto de vista está errado”, acrescentou.
Relembrando que o Governo francês permite o investimento na defesa, excluindo as armas proibidas, e que a França defendeu orientações nesse sentido junto da UE, o ministro da Economia convidou “todos os investidores privados a fazerem o mesmo”, referindo-se às armas que são autorizadas para defender as democracias.
Segundo Lombard, “não há armas controversas, há armas que são proibidas por lei e por tratados internacionais. As restantes são autorizadas”.
Também presente na reunião, o ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, insistiu que “produzir armas não é sujo”.
A base tecnológica e industrial de defesa francesa é constituída por nove grandes grupos, como a Thales e a Safran, em torno dos quais se organizam 4.500 pequenas e médias empresas, das quais 800 são identificadas como estratégicas ou críticas, segundo o Ministério da Economia francês.
Na terça-feira, o Presidente Emmanuel Macron, anunciou que o país vai “aumentar e acelerar as encomendas de Rafales” para a força aérea francesa, no âmbito dos novos investimentos na defesa em resposta ao “ponto de viragem” geopolítico mundial.
O chefe de Estado francês anunciou ainda que serão investidos cerca de 1,5 mil milhões de euros para ampliar e modernizar a base aérea 116 de Luxeuil-Saint Sauveur, no nordeste de França, onde os seus aviões serão equipados com novos mísseis nucleares ultrassónicos, “um elemento-chave na modernização em curso da dissuasão nuclear da França”.
Esta base aérea contribui para a “postura de segurança permanente” no espaço aéreo francês, mas também para as missões nacionais, multilaterais ou da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), nomeadamente sobre os Estados Bálticos, como explicou o Eliseu.
O anúncio do chefe de Estado francês acontece no momento em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, discutem um possível processo de paz para a Ucrânia, invadida pelas tropas russas em fevereiro de 2022.
No início de março, o Presidente francês anunciou querer “abrir o debate estratégico” sobre a proteção da Europa pelas armas nucleares francesas com os aliados dispostos a garantir a paz futura na Ucrânia e a proteção do continente europeu, para não depender da dissuasão norte-americana para fazer face às ameaças russas.
MYCO // APN
By Impala News / Lusa
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